MEUS PARCEIROS

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

PERDÃO COMPRADO OU OFERTADO

“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para serem cancelados os vossos pecados”
(Atos 3.19).


O dia de hoje é celebrado pelos cristãos católicos como Dia de Finados. Este dia foi instituído porque a doutrina católica ensina que uma pessoa falecida não vai diretamente para seu estado final, céu ou inferno, mas passa por um estado de purgação de seus pecados, chamado Purgatório. Ela só é liberada deste estado, após o pagamento de seus pecados mediante sofrimento, contribuição financeira para a Igreja ou orações. A prática de orar pelos mortos surgiu em meados do século V e foi a motivadora para a instituição do Dia de Finados.


No século XVI a doutrina do purgatório tinha um peso muito grande no projeto de conclusão da basílica de São Pedro. Para arredar fundos o Papa passou a vender “indulgências” que garantiriam ao comprador liberação do purgatório bem como dos seus parentes mortos. Ou seja, o perdão dos pecados era comprado com o dinheiro do pecador. João Tetzel, monge e principal mercador das “indulgências”, dizia: “No mesmo instante em que a moeda retine no fundo do cofre, liberta-se a alma do purgatório e voa livre para o Céu”.

Dr. Martinho Lutero, monge e exegeta, levado por conflitos interiores descobre a justificação pela fé somente. A venda de indulgência soava como uma afronta ao ensino Bíblico. Para dar uma resposta a este comércio, Lutero desenvolveu 95 teses e tornou-as conhecida para estimular um debate publico sobre a questão. Foi assim que nasceu a Reforma Protestante do século XVI.


O que motivou Lutero a agir tão corajosamente foi o amor à verdade e o desejo de trazê-la à luz. Hoje temos a necessidade de reforçar a verdade bíblica: “Arrependei-vos!” Isto é, mostrem um sentimento sincero de pesar pelos pecados cometidos e mudem de atitude. Deus oferece gratuitamente o perdão dos pecados a todos os que se arrependem e se convertem. Jesus Cristo morreu na cruz para expiar, pagar o preço do nosso pecado e purgar, purificar a nossa vida. O perdão não é comprado mediante nosso dinheiro, esforço ou boas obras. Mas é obtido mediante a fé, buscando-se refúgio no Salvador. O perdão é uma oferta gratuita de Deus aos homens. Quem a recebe tem o curso de sua vida mudado para melhor.

Não é esta uma oferta digna de aceitação?
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

DIA DA REFORMA

“Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm 1.16, 17)

A Bíblia conta toda a história de Israel, a vida de Cristo e termina com os primeiros passos da Igreja Apostólica. A partir daí, para sabermos o que aconteceu, temos que recorrer à história. Com este recurso descobrimos que a Igreja passou por várias fases. Inicialmente, ela cresceu em meio, às perseguições e provocações do império Romano. No século IV o imperador Constantino se “converteu” e aderiu à nova religião. Com isso, a igreja passou rapidamente de perseguida a protegida; de pobre a muito rica; de minoritária a majoritária.

Com o correr dos séculos as doutrinas da Igreja e práticas originais foram se modificando e se afastando sensivelmente da Bíblia. Muitas vozes se levantaram para clamar por uma “reforma” na Igreja. Todavia, eram sufocadas ou esquecidas. Foi somente no século XVI que ela veio acontecer.

Tradicionalmente, 3l de Outubro de 1517 é aceita como a data do nascimento do movimento reformador. Foi nesse dia que Martinho Lutero afixou as noventa e cinco teses nas portas da Catedral de Wittemberg. Eram afirmações contra a indulgência, documento vendido pela Igreja garantindo o perdão dos pecados e um lote no céu.

Havia muito tempo que Lutero estava preocupado com o problema da salvação. Durante anos seguidos, ele vinha estudando a Bíblia. Descobrira, ao estudar a carta de Paulo aos Romanos, que a salvação é através da fé em Jesus Cristo. A partir daí não era possível mais aceitar a venda das indulgências.

Certamente Lutero não tinha condições de prever o resultado de suas teses. Mas o fato é que, em pouco tempo, o movimento reformador percorria toda a Alemanha e atingia a outros países da Europa. Da Europa ele foi para a América do Norte e de lá veio para o Brasil.

Portanto nesta semana é imprescindível que louvemos a Deus por este movimento que colocou a Igreja de volta na sua rota original. E se houver necessidade de uma nova reforma, que Deus nos dê coragem de assumi-la. Amém!


Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

OFÍCIO DE ENSINAR

Na semana que passou comemorou-se no Brasil o dia do professor. A história da origem desse dia remonta a uma época em que o ofício de ensinar era bem mais valorizado que nos dias atuais. Você sabe como surgiu o Dia do Professor e da Professora ?

Em 15 de outubro de 1827, D. Pedro I baixou um Decreto Imperial no sentido de que “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”. Em 1947, 120 anos após o referido decreto, realizou-se a primeira comemoração de um dia todo dedicado ao Professor. Foi em São Paulo, no Ginásio Caetano de Campos, conhecido como Caetaninho. Como o segundo semestre era longo, quatro professores tiveram a idéia de se organizar um dia de parada para se evitar a estafa – e também de congraçamento e análise de rumos para o restante do ano. O professor Salomão Becker sugeriu que o encontro se desse no dia de 15 de outubro. O diretor, Onofre Penteado, gostou da iniciativa. A festa foi um sucesso. No ano seguinte, o jornal A Gazeta fez a cobertura do acontecimento, que já contava com a adesão de um colégio vizinho: o Pais Leme e dos professores Alfredo Gomes, Antônio Pereira e Claudino Busko. A idéia estava lançada, para depois crescer e implantar-se por todo o Brasil. (adaptado de: http://www.portaldafamilia.org/).

O Brasil hoje tem cerca de 1,5 milhão de professores, de acordo com o Ministério da Educação. O ofício deles, não é só transmitir conhecimentos, mas principalmente ensinar o aluno a estudar, fazê-lo valorizar o estudo e ajudá-lo a se desenvolver socialmente. Como dizia o professor Paulo Freire, ninguém consegue negar o valor da educação e de bons professores. Mas, poucos pais desejam para seus filhos a carreira do magistério. Isso revela como a sociedade reconhece e valoriza o trabalho de ensinar. Mesmo diante de uma pífia remuneração, do baixo prestígio social e de serem, via de regra, responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte dos professores resistem e continuam apaixonados pelo oficio de ensinar.

Portanto, mais do que comemorativa a data é um convite para que todos, pais, professores, alunos, sociedade e igreja repensem suas posturas diante da atividade de ensinar. As atitudes revelam o compromisso que temos com a educação. Aos professores, fica a exortação do apóstolo Paulo: “o que ensina esmere-se no fazê-lo” (Rm 12.7). Mestres, não descuidem da missão de educar, nem desanimem diante dos desafios. “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda” (Paulo Freire).

Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

COMUNHÃO É FRATERNIDADE

A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número.
(At 9.31)


Conta-se que durante a 2ª grande guerra mundial, um soldado norte-americano encontrou uma gruta. O lugar parecia muito seguro. Resolveu descansar um pouco. Arrumou o saco de dormir, deitou dentro dele, repousou a cabeça na mochila e desfrutando da tranqüilidade da gruta começou a ler um Novo Testamento. De repente aparece um soldado japonês, armado até os dentes. Apontando para ele uma arma, pergunta em inglês cheio de sotaque:

- Você ser crente? Gostar de ler Bíblia?

- Sim, eu sou, respondeu o soldado americano achando que seria morto.

- Eu também, ser crente, gostar de ler Bíblia, disse o japonês.

Os dois ficaram um bom tempo conversando sobre a vida cristã. O soldado japonês foi embora deixando o americano na gruta. O ponto comum entre os dois soldados era a cruz de Jesus Cristo e sua Palavra. A comunhão foi suficiente para derrubar as barreiras da inimizade. Eram inimigos como soldados, mas irmãos em Cristo.

A palavra comunhão em grego é “koinonia”. Nós a encontramos em nossa Bíblia com vários significados. Em Atos 2.42, Lucas nos diz como os cristãos viviam. “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”. Comunhão neste verso significa convivência. Isto é, disposição para viver juntos, de fazer parte de uma comunidade, de uma família, de participar das alegrias, tristezas, vitórias e derrotas.

Neste sentido a comunhão é a chave para entender o relacionamento vivido pelas comunidades da Judéia, Galiléia e Samaria. Historicamente estes grupos não se davam. Viviam conflitos intermináveis. Mas a Igreja nessas regiões tinha paz. Estavam separados geográfica e culturalmente, mas unidos por meio da cruz de Cristo. Judeus, galileus e samaritanos eram irmãos. A comunhão fraterna vivenciada pelos cristãos proporcionava um ambiente favorável ao crescimento espiritual e numérico.

Para viver uma comunhão assim é necessário passar pela cruz de Cristo. Através da cruz Jesus torna-se Senhor e Salvador. É na cruz que nasce o desejo de viver fraternalmente, de estar junto, de conviver com os que crêem. Também na cruz brota o interesse em trazer para a comunhão fraterna em Cristo aqueles que ainda não crêem.



Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A VEZ DO CONTRACHEQUE

“Então, todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu e reina sobre nós” (Juízes 9.14).

Dever cívico cumprido. Escolhemos os representantes que administrarão pelos quatro anos seguintes a esfera pública mais ligada à vida cotidiana do cidadão: a cidade. Votamos em prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. Depois de eleitos e empossados eles tomarão decisões acerca de temas importantes como iluminação e conservação das ruas, coleta de lixo, educação básica e saúde. Agora vem o show da tecnologia brasileira para eleição. Certamente em poucas horas conheceremos os eleitos.

Nas cidades onde haverá segundo turno o povo terá que repetir o procedimento. Os dois mais voltados sairão imediatamente atrás de apoio dos que não passaram para o segundo turno. Vários segmentos da administração municipal serão usados como moeda de troca. Para as cidades onde não haverá segundo turno, começa agora a vez do contracheque. É isso mesmo! Contracheque, aquele documento emitido por firma comercial, repartição publica, ou indústria especificando valores de salário e deduções. De posse desse documento o funcionário sente-se autorizado a receber o que lhe é devido. Os partidos da chapa vencedora apresentarão seus contracheques eleitoreiros para receber os cargos prometidos durante as negociações.

O apólogo de Jotão (Jz 9. 8-13) é muito apropriado para um momento como este. Ele conta que as árvores foram ungir para si um rei. Escolheram um espinheiro que não tinha condição de protegê-las e, o que foi pior, trouxe-lhes sofrimento. Mesmo tendo dominado as paixões, analisado as idéias e propostas dos candidatos e votado com consciência corremos o risco de ter espinheiros governando nossas cidades. Com eles uma equipe não escolhida pelo povo, mas que de posse do contracheque eleitoreiro irão receber seus cargos.

Como cristãos, sabemos que a solução para os males que afligem os habitantes de nossas cidades, não está em novo prefeito, novos vereadores, novas equipes. A Bíblia ensina que o coração do homem é enganoso, e desesperadamente corrupto (Jr 17:9). No entanto, o ensino de Jesus é claro: “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não” (Mt 5:37). Em outras palavras Jesus esta dizendo que o cristão precisa tomar uma posição. Não pode cruzar os braços, ser indiferente, alheio ao momento do contracheque.

Como cristãos, é parte do nosso dever cívico, orar para que os eleitos tenham discernimento na escolha do secretariado. Onde houver segundo turno orar para que tenham um mínimo de dignidade na construção das alianças. Depois da posse os cristãos devem ficar atentos e profeticamente denunciar todo pecado, seja do prefeito, dos vereadores ou dos grupos políticos e econômicos que lhes dão sustentação. Com uma postura firme e profética da igreja, mesmo sendo governado por um espinheiro, pode-se ter um bom governo municipal.

Que Deus nos dê coragem e nos abençoe!


Soli Deo Gloria!
Rev. Ezequiel Luz