“Disse, pois, Jesus: Vai e faze da mesma maneira” (Lc 10.37b)
As imagens do terremoto ocorrido no Haiti e transmitidas pela mídia desde a noite de terça feira, 12 nos deixaram estarrecidos. O terremoto de magnitude 7 na escala Richter deixou a capital Porto Príncipe com um amontoado de escombros, com corpos estendidos pelo chão, com gente gritando, chorando, lamentado e com haitianos disputando água e comida. O cenário é de profunda dor e sofrimento. Um verdadeiro inferno.
Lamentamos que houvesse entre os mortos alguns brasileiros. Militares que compunham a Força de Paz das Nações Unidas (Boinas Azuis). Estavam no Haiti para ajudar a conter a onda de violência que assolava o país mais pobre das Américas desde 2004. No exercício de nobre missão perderam a vida. Todavia, a morte que mais sensibilizou os brasileiros foi a da Drª. Zilda Arns Neumann, pediatra e sanitarista, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, que estava no Haiti a trabalho da Pastoral.
Zilda Arns queria ser missionária. Mas vendo uma reportagem sobre a malária na Amazônia decidiu fazer medicina. Formada, aprofundou-se em saúde pública, pediatria e sanitarismo, visando livrar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência. Para isso participou da criação da Pastoral da Criança e desenvolveu um projeto-piloto na cidade de Florestópolis, Paraná. A cidade detinha um dos maiores índices de mortalidade infantil. Em um ano o índice caiu sensivelmente. Inspirada na multiplicação dos pães (Jo 6.1-15) criou uma metodologia de multiplicação do conhecimento e da solidariedade, treinando agentes voluntárias. Muitas crianças, mães e famílias foram abençoadas através do amor e da dedicação da Drª Zilda e de suas agentes. Hoje a Pastoral da Criança serve de modelo para diversos países.
O que mais me impressiona é que Zilda Arns morreu junto com os mais pobres, a quem ela dedicou sua vida. Jesus disse que seus discípulos eram a luz do mundo. Zilda Arns encarnou essa missão de ser luz. Em meio aquele cenário infernal, de morte, dor e escuridão havia uma luz acesa. A vida se foi, o corpo estava inerte, mas a luz do seu exemplo, da sua dedicação, do seu amor e da sua prática cristã continuava brilhando.
Talvez alguns evangélicos e/ ou protestantes que julgam deter a doutrina correta possam me questionar dizendo: pastor ela era católica. Por esta razão, entendo que todos que julgam pertencer à ortodoxia devam atentar para as palavras de Jesus, dita aos líderes religiosos de seu tempo. Jesus diz a estes líderes, membros da religião correta, que deveriam agir como o samaritano, membro da religião incorreta. Portanto, evangélicos e/ou protestantes devem, à luz do exemplo de Zilda Arns, ser sensíveis para ouvir Jesus nos dizendo: “Vão e façam a mesma coisa”. Amém!
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz