MEUS PARCEIROS

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A PROFANAÇÃO DA ORAÇÃO


Embora muito em voga, a profanação da oração é um problema antigo. Não há outra pessoa que trate tão energicamente o assunto quanto Tiago na carta aos judeus convertidos e espalhados “pelo mundo inteiro”, escrita por volta do ano 70 depois de Cristo.
Esses Cristãos eram ambiciosos. “Queriam muitas coisas”, esforçavam-se para obtê-las a qualquer custo (“estão prontos até para matar para consegui-las”), mas continuavam “de mãos abanando”, pois não recorriam à oração. E, mesmo orando, a situação não mudava, porque os pedidos deles não visavam nada ale, dos próprios prazeres. As orações que faziam eram tipicamente consumistas, giravam em torno de coisas e nãos de valores, engrossavam o ter e não o ser. O ideal de felicidade desses cristãos era gastar, dissipar, esbanjar e consumir. Eram orações anticristãs à vista das bem-aventuranças do Sermão do Monte (Mt 5.1-12) e da única palavra de Jesus que não está nos Evangelhos, mas no discurso de Paulo aos presbíteros de Éfeso: “É mais feliz quem dá do quem recebe” (At 20.35).
Tiago encerra a exortação chamando-os de adúlteros, pois eram semelhantes à esposa infiel que ama os inimigos do marido. E por amarem os prazeres do mundo, que Deus não ama tornavam-se inimigos de Deus. Seria melhor que esses consumistas se submetessem ao Senhor e resistissem ao diabo, o qual, por sua vez, os deixaria em paz. Eles deveriam lavar as mãos, limpar o coração, entristecer-se por estarem em um nível tão baixo de espiritualidade e se humilhar diante do Pai. Então seriam levantados, animados e ajudados por Deus (Tg 4.1-10)!
A profanação da oração é um pecado grave. Pois Deus não abriu a porta da oração para nos afastar dele e levar-nos à secularização, ao materialismo, ao consumismo e, consequentemente, à apostasia.
Os cristãos que têm coragem de orar por uma casa na cidade, na praia e nas montanhas e por um carro zero quilômetro e importado estão profanando a oração e são inimigos de Deus!

Ultimato,  maio-junho 2012, nº 336,  pg 28

quinta-feira, 10 de maio de 2012

A MÃE DA GENTE


Segundo domingo de maio, tradicionalmente separado para homenagear a mãe da gente. Enquanto pensava no texto sobre essa singular criatura, lembrei-me de um relato interessante. Uma mãe, diante de uma funcionária pública segura, eficiente e de carreira, responde um questionário.
— Qual é a sua ocupação?
— Sou Doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas, responde a mãe.
A funcionária fez uma pausa, olhou-a como quem não ouviu bem e disse:
­— Pode repetir, por favor?
A mãe repetiu pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas. A funcionária escreveu no formulário e não resistindo a curiosidade, voltou-se para a mãe.
— Posso perguntar o que você faz exatamente?
Calmamente, sem qualquer traço de agitação na voz, a mãe responde:
— Desenvolvo um programa de longo prazo (qualquer mãe faz isso), em laboratório e no campo experimental (dentro e fora de casa). Sou responsável por uma equipe (minha família), e já recebi quatro projetos (filhos). Trabalho em regime de dedicação exclusiva (alguma mulher discorda?). O grau de exigência é de 14 horas por dia (para não dizer 24).
Creio que este relato traduz de forma simples a intensidade do peso que é colocado sobre os ombros da mãe. Especialmente nos tempos atuais em que os dois, pai e mãe, chegam exaustos em casa, mas a mãe, dotada de um instinto natural de preservação da espécie, tem que se ocupar com o cuidado dos filhos.
Sendo assim, nada mais justo que ter um dia totalmente voltado para a mãe da gente. A articulista da Veja, Lya Luft, de quem tomei emprestado o título dessa pastoral, faz algumas afirmações muito apropriadas. “A mãe da gente é aquela que nos controla e assim nos salva e nos atormenta; e nos aguenta mesmo quando estamos mal-humorados, exigentes e chatos, mas também algumas vezes perde a calma e grita, ou chora. Mãe da gente é aquela que nos oprime e nos alivia por estar ali; que nos cuida, às vezes demais, e se não cuida a gente faz bobagem: é a que se queixa de que lhe damos pouca bola, não ligamos pra seus esforços, e, mais tarde, de que quase não a visitamos; (...). A mãe da gente é o mais inevitável, inefugível, imprescindível, amável, às vezes exasperadamente e carente ser que, seja qual for a nossa idade, cultura, país, etnia, classe social ou cultura, nos fará a mais dramática e pungente falta quando um dia nos dermos conta de que já não temos ninguém a quem chamar de mãe”.
Portanto ao homenagear as mães nesse domingo, desejamos que elas sejam humanas, que sejam simplesmente a mãe da gente.

Feliz Dia das Mães!
Rev. Ezequiel Luz

sexta-feira, 4 de maio de 2012

DO ALTO TUDO É MELHOR


“Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg 1.17).

Em uma matéria especial, a revista Veja do dia 25 de abril abordou a evolução física do ser humano. Segundo a matéria, nós somos mais altos, mais fortes do que nossos antepassados. Essa evolução tem muito haver com as condições históricas, econômicas e sociais. O homem na luta pela vida cria condições, tanto ambientais quanto físicas, para se adaptar a nova realidade por ele vivenciada. Esse componente histórico e econômico da evolução humana despertou o interesse de estudiosos que batizaram de “evolução tecnofísica”, esse novo campo de estudos. O objetivo dessa nova ciência é explicar por que as pessoas mais altas são mais saudáveis e tendem a ser mais bem sucedidas. A capa da Veja estampa a frase que dá titulo a esta pastoral: “Do alto tudo é melhor”. Essa matéria me levou a refletir sobre a linguagem que se refere às coisas que vêm do alto, e por virem do alto, são melhores.
A Bíblia usa essa figura para nos ensinar que tudo o que é bom, perfeito vem do alto. O salmista deixa claro que o socorro que nós precisamos vem do alto. Ele pergunta: De onde me virá o socorro? E a resposta que obtém é: O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra. Isto é, o socorro que tanto precisamos vem do alto, vem do Senhor, vem do Deus criador e salvador.
Tiago ensina que “a sabedoria que vem do céu é antes de tudo pura; e é também pacífica, bondosa e amigável. Ela é cheia de misericórdia, produz uma colheita de boas ações, não trata os outros pela sua aparência e é livre de fingimento” (3.17). Esta é a sabedoria que precisamos pra embasar nossos relacionamentos e ações.
Depois de ressurreto, Jesus encontra os discípulos e, entre outras coisas, ele diz: “permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.49). No dia de Pentecostes os discípulos estavam em Jerusalém, reunidos no mesmo lugar, e ouviu-se um som que veio do céu, línguas de fogo pousaram sobre eles e ficaram cheios do Espírito Santo (At 2). Do alto eles foram revestidos de poder e a partir dessa experiência os discípulos proclamaram o evangelho com ousadia em todos os lugares. O poder que precisamos para viver o cristianismo autentico vem do alto.
Caro leitor e leitora. O apóstolo Paulo nos exorta: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus” (Cl 3.1). Vamos, portanto, atender ao chamado  apostólico, pois do alto tudo melhor.

Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz