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domingo, 24 de março de 2013

A CONTRADIÇÃO DO PAPA E DO REI


“Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas maiores alturas!” (Lc 19.38)

Na Praça São Pedro, noite do dia 13 de março, a multidão esperava conhecer o Papa eleito. O cardeal argentino, Jorge Mario Bergoglio, agora Papa Francisco, aparece no balcão da basílica, saúda os fiéis e profere o primeiro discurso. Afirma que os cardeais foram buscá-lo quase no fim do mundo. Pede que rezem pelo Bispo Emérito Bento XVI, e também que a multidão em silêncio ore por ele. Curvou-se em reverência para receber a oração e só depois abençoa o povo. Foi o que bastou. O povo encantou-se com a simplicidade do novo Papa e não percebe sua contradição.

Leonardo Boff em seu Twitter pergunta: “Não vê as contradições entre Jesus na cruz e o Papa no palácio?" Segundo a “Veja”, o Papa Paulo VI teria afirmado ser impensável que um papa de nome Francisco pudesse morar no Vaticano, porque a contradição saltaria aos olhos. Pois um jesuíta, pela primeira vez eleito Papa, veio para revelar essa contradição.

Hoje, Domingo de Ramos, somos convidados a recordar a profecia de Zacarias. Ele afirmava que um futuro rei de Judá entraria em Jerusalém trazendo salvação, não com carros de guerra e montado em cavalo de batalha, mas humilde em cima de um jumento (Zc 9.10). Quando Jesus entra na cidade, carregado por um jumentinho, as pessoas o recebem com honras de rei, espalhando ramos e deitando suas próprias vestes pelo chão e gritando: Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor! Essa atitude do povo é a mais clara contradição entre a expectativa de salvação imaginada pelos homens e aquela que Deus planejou. A multidão sempre sonha com um salvador da Pátria, que chega para despojar os poderosos e instaurar a justiça, a fraternidade e a paz.

Um dos títulos do Papa é “Sevus Servorum Dei”. O Papa Francisco pretende ser esse servo dos servos de Deus morando em um palácio real, com seguranças e muitos serviçais a sua disposição. Jesus, o “Rex Regum”, para ser esse Rei dos reis deixou de lado os privilégios de sua divindade e assumiu a condição de servo, tornando-se humano. Viveu uma vida abnegada e obediente até a crucificação (Fp 2.5-8).

Não sei se o Papa vai realizar as mudanças na igreja que os católicos desejam. Mas o Rei Jesus, ao morrer na cruz em nosso lugar e ressuscitar, conquistou a nossa plena libertação. Por essa razão é que somos servos de Deus, e devemos servi-lo com tudo o que temos e com tudo o que somos.

Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz