MEUS PARCEIROS

sexta-feira, 1 de abril de 2022

A MENTIRA QUE OPRIME

 

Dia 1º de abril! Porque esse dia é considerado o Dia da Mentira? Esse dia está relacionado a mudança do Calendário Juliano pelo Calendário Gregoriano em 1582, a pedido do Concilio de Trento da igreja Católica. Com a instituição do novo calendário feita pelo papa Gregório IX, o inicio do ano que era no dia 1º de abril passou para o dia 1º de janeiro. As pessoas desinformadas comemoravam o novo ano no dia 1º de abril e eram zombadas, ridicularizadas e sofriam chacotas e brincadeiras por aqueles que sabiam da mudança do calendário. Mas apesar dessa origem bucólica, a mentira é nociva. Não deve ser comemorada, mas sim repudiada. Nesse espaço quero falar da mentira que a sociedade impõe sobre certas pessoas oprimindo-as.

Fui criado, como a maioria, em uma família patriarcal, machista, heteronormativa e homofóbica. Mesmo antes de aparecer o termo homofobia eu alimentava a ideia de que a homossexualidade era uma disfunção da sexualidade humana gerada em ambiente familiar desestruturado ou por meio de abusos sexuais na infância. Até que participei de um evento sobre pastoral para homossexuais. O objetivo do evento era mostrar aos heteros e aos homossexuais presentes a possibilidade de cura dessa disfunção. Conversando com alguns gays e lésbicas que estavam no encontro descobri que a maioria não era oriunda de famílias desajustadas e nem resultado de abuso sexual na infância.

Resolvi pesquisar o assunto e descobri que a homossexualidade não é pior e nem melhor que a heterossexualidade, apenas uma expressão da sexualidade humana. Deixei de ser homofóbico, passei a ouvir com afeto e respeito a luta de pessoas da igreja que sofriam com a tentativa de mudar a sua própria natureza. Ouvi homem casado, com filhos que sentiam atração sexual por outros homens. Outro que queria ajuda para contar a família que ele não era o que eles pensavam. Uma jovem que veio estudar na minha cidade e orava incansavelmente para que Deus colocasse no seu coração desejo e atração por meninos. Estava apaixonada por outra menina da igreja e desconfiava que ela sentia o mesmo. Apesar de orar e orar a situação não mudava. Pessoas que viviam uma mentira opressora que é imposta pela sociedade patriarcal, heteronormativa e machista em que vivemos.

Recentemente conversei com dois jovens que eram crianças quando os conheci na igreja. Relataram-me a angustia que sofreram na tentativa de serem aceitos como gays que eram. Mas foram rejeitados pela igreja e hoje eles têm dificuldade de crer em Deus em função dessa experiência traumática. Fiquei pensando na quantidade de jovens que vivem uma mentira para serem aceitos. Eles precisam de uma igreja que os acolha, que entenda que o mandamento maior é o amor. Uma Igreja que os ajude a se libertar da mentira e expressarem a fé em Jesus sendo o que eles são. Uma igreja liberta do fundamentalismo, acolhedora e libertadora. Uma igreja que ame a pessoa humana.

 

Rev. Ezequiel Luz