MEUS PARCEIROS

quarta-feira, 2 de julho de 2025

BRASIL NAS MÃOS DO CENTRÃO

“Eis que o salário dos trabalhadores que fizeram a colheita nos campos de vocês e que foi retido com fralde está clamando; e o clamor dos que fizeram a colheita chegou aos ouvidos do Senhor (...)” (Tiago 5.4)

No cenário político brasileiro, o Centrão é uma associação informal de partidos políticos que atuam no Congresso Nacional. Essa associação começou durante a Assembleia Constituinte de 1987 com o objetivo de aprovar o texto da Constituição, as propostas do presidente da República, José Sarney, e combater a linha política progressista defendida pelo Presidente da Assembleia Constituinte, Ulysses Guimarães. O Centrão tem o poder de alterar o equilíbrio de forças nas duas Casas, especialmente na Câmara dos Deputados e fazer valer suas propostas de toma lá dá cá. O Brasil sob a influência do Centrão é um balcão de negócios.

Atualmente eles sequestraram o governo federal de Luiz Inácio Lula da Silva. Estamos nas mãos desse grupo oportunista e nocivo que não pensa no brasil e muito menos no povo brasileiro. As propostas de justiça tributária do governo foram rejeitadas pelo Congresso sob a influência do Centrão. Enquanto o executivo quer diminuir a carga tributária dos mais pobres e aumentar um pouquinho a dos mais ricos, o Centrão quer manter as coisas como estão.

Fiquei pensando sobre a origem desse movimento de centro e descobri que no século XIX ele já existia na Alemanha. Karl Kautsky (1854 – 1938), foi um dos líderes da social-democracia alemã e da Segunda Internacional Socialista. incialmente de linha marxista, renegou tal linha de pensamento e se tornou teórico de um dos tipos mais perigosos e nocivos de oportunismo, o centrismo, também conhecido como kautskismo.

Acho que é nessa fonte que o Centrão brasileiro alimenta seu veneno e suas ações. Deveriam também ler Tiago 5.1-6, principalmente os que se declaram cristãos.

Rev. Ezequiel Luz

Pastor

sexta-feira, 20 de junho de 2025

ACOLHER E INCLUIR A DIVERSIDADE

“Todo aquele que o Pai me dá, esse vira a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”. (Jo 6.37)

O mês de junho é tido como o “Mês do Orgulho”. Tudo começou na década de 1960 quando as leis dos EUA oprimiam a população LGBTQIA+, deixando-a excluída dos processos de socialização. Em 28 de junho de 1969 houve uma série de manifestações que ficou conhecida como a “Rebelião de Stonewall”. Na mesma época foram criados vários movimentos sociais para acolher e incluir essa população.

O “orgulho” é fundamental para promover a visibilidade e o reconhecimento das diferentes orientações sexuais e identidades de gênero, desafiando a homofobia, a transfobia, e lutando por direitos iguais.

Infelizmente a religião cristã (católicos e evangélicos) em sua maioria não reconhece esse movimente. Ao contrário, condena alegando que todos os que pertencem ao grupo LGBTQIA+ bem como os simpatizantes estão em pecado e agindo contra a vontade de Deus expressa na Bíblia. São muitos os casos de pessoas rejeitadas pela igreja, família e sociedade que entram em depressão e chegam ao extremo da dar fim a própria vida.

Jesus ao dizer: "o que vem a mim, de maneira nenhuma lançarei fora", não excluiu ninguém. A frase faz parte do discurso sobre o pão que desceu do céu registrado por João no capítulo 6. O propósito do apostolo é anunciar que todos os que creem em Jesus são enviados, aceitos e salvos por Deus.

A igreja Cristã (católica e evangélica) precisa entender a importância de acolher a diversidade. Aproveitar o mês de junho para dizer que todos, LGBTQIA+ ou não, que se aproximam de Jesus com fé podem ter a certeza de que serão recebidos e amados, sem medo de serem rejeitados.

Rev. Ezequiel Luz

Pastor

sexta-feira, 6 de junho de 2025

PENTECOSTES E DIVERSIDADE

“Que variedade, Senhor, nas tuas obras! Fizestes todas elas com sabedoria; a terra está cheia das riquezas”. (Sl 104.24)

A admirável variedade ou diversidade presente na criação de Deus faz-se presente no acontecimento de Pentecostes conforme narrativa de Lucas em Atos 2.1-11.  Pessoas diversas, de lugares diversos e línguas diferentes estavam presente na festa. Segundo esta narrativa, durante as comemorações o Espirito Santo foi derramado sobre toda a humanidade participando ativamente do acontecimento que marca a formação da primeira comunidade cristã. Que diversidade! Cada pessoa com o seu jeito, com a sua história, com a sua língua ouviram falar do amor de Deus em seu próprio idioma e isto os uniu em uma comunidade.

A linguagem é um meio de comunicação e expressão humana. Por meio dela interagimos com outras pessoas. Damos e recebemos amor e compreensão. Compartilhamos sonhos e desejos. Promovemos o diálogo para estabelecer a paz entre os povos. Reconhecemos e respeitamos a diversidade e as diferenças entre os seres humanos. A linguagem é um dom do Espirito Santo que nos torna mais humano.

Todos os dias presenciamos uma desumanidade constante. Guerras com genocídios que visam a eliminação de povos. Feminicídios que só aumentam. Assassinatos de pessoas LGBTS. Tudo isso só porque são pessoas diferentes, diversas e quem comete estes absurdos não suportam a diversidade. Precisamos de um novo Pentecostes. De um novo derramar do Espirito para entendermos que a diversidade é promovida por Deus, e é uma riqueza maravilhosa. Somos diversos, culturas diversas, línguas diversas, mas com o dom do Espirito podemos desfrutar da riqueza dessa diversidade.  Amém!

Rev. Ezequiel Luz

Pastor

sexta-feira, 30 de maio de 2025

RECUPERANDO NOSSA HUMANIDADE

“Porque João, na verdade batizou com água, mas vocês serão batizados com o Espirito Santo, dentro de poucos dias.” (At 1.5)

Parlamentares nesta terça-feira (27) trataram mal a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na Comissão de Infraestrutura do Senado. O debate era sobre a proteção ambiental na Amazônia. Mas, ao invés de discutirem a proteção ambiental, senadores preferiram atacar a ministra. A falta de respeito foi tão grande que vários analistas políticos disseram que nunca viram algo tão grave. Na mídia digital milhares usaram a tag: “Marina Silva merece respeito”.

A ministra Marina merece respeito. Não apenas pela sua trajetória de superação, ou por seu ativismo ambiental reconhecido internacionalmente, ou por ser uma mulher negra que ocupa um cargo importante no governo, mas principalmente por ser um ser humano. O que aconteceu com a ministra Marina Silva reforça a ideia de que estamos perdendo nossa humanidade.

Quero relacionar este acontecimento com a narrativa de Lucas em Atos 1.1-11, texto usado pelos cristãos para celebrar a Ascenção do Senhor. A ascensão para os cristãos é a evidencia da aprovação divina ao que Jesus realizou e ensinou. O batismo com o Espírito Santo, prometido por Jesus, capacitará os discípulos a participarem da missão de Deus.

No tratamento dado a Marina Silva no Senado faltou humanidade. Senadores tidos como cristãos desrespeitaram a ministra que reagiu com firmeza. Todos os seguidores de Jesus também precisam reagir a falta de humanidade que diariamente percebemos em nosso dia a dia. Com a ascensão, Jesus deixou de estar corporalmente no mudo, mas pelo Espirito Santo ele passou a estar presente em todos os tempos e lugares através da Igreja. Somos batizados com Espirito Santo, isto é, somos batizados com a humanidade de Jesus. Portanto, somos responsáveis de tornar Jesus acessível a todas as pessoas. Assim nossa humanidade será recuperada.

Rev. Ezequiel Luz

Pastor

sábado, 24 de maio de 2025

A MISSIO DEI

“(...) e, assentando-nos, falamos às mulheres que haviam se reunido ali.” (At 16.13b)

A missão de Deus (Missio Dei) é o plano divino de amor incondicional para com toda a humanidade, revelado em Jesus de Nazaré. Não é uma ação, mas a própria natureza de Deus em sua forma de ser e se relacionar com o mundo. Deus é amor, envia Jesus para revelar esse amor e convida cada um de nós a transmitir esse amor a todos, sem distinção de raça, cor, gênero e identidade sexual.

No Calendário Cristão, estamos no período entre a Páscoa e o Pentecostes. É possível imaginar os sentimentos misturados vividos pelos discípulos neste período: ansiedade, medo, frustração, surpresa, alegria, fracasso.

Domingo, 25 é o 6º Domingo da Páscoa. Entre os textos indicados para este domingo encontra-se Atos 16.9-15. Antes da narrativa do texto, o autor conta que Paulo e seus companheiros tiveram uma viagem frustrada. Um sentimento de fracasso dominava Paulo e Silas. A noite Paulo tem uma visão: um homem macedônio/europeu pede ajuda. “Passe à Macedônia e ajude-nos”. Macedônia faz parte do continente europeu. Paulo e Silas resolvem viajar para a região e na cidade de Filipos encontram um grupo de mulheres, a beira de um rio, que ouvem a mensagem do amor divino e aceitam participar da Missão de Deus.

A narrativa de Lucas – aproximadamente há dois mil anos – quebra alguns preconceitos. Paulo tem uma visão de um homem pedindo ajuda, mas encontra mulheres. A líder do grupo é Lídia, uma mulher independente, dona do seu próprio negócio. Ela é estrangeira, imigrante, vinda de Tiatira, região que hoje corresponde com a Turquia.

A primeira comunidade cristã da Europa é iniciada por mulheres, lideradas por uma mulher livre e imigrante. A quebra de preconceitos narradas por Lucas revelam que todos nós podemos fazer parte da Missão Deus e compartilhar o amor incondicional revelado em Jesus de Nazaré. Você que lê este texto aceita participar dessa missão?

Rev. Ezequiel Luz

Pastor


sábado, 17 de maio de 2025

LGBTFOBIA NÃO É OPINIÃO, É CRIME

 “Nisto todos conhecerão que vocês são meus discípulos: se tiverem amor uns aos outros.” (Jo 13.35).


Religião é um traço da cultura, é realização humana que molda nossas crenças sobre a vida, a morte, influencia nossa visão de mundo e comportamentos éticos e morais. Jesus não fundou uma religião. O cristianismo, como religião, se firmou no século IV com a iniciativa do Imperador Constantino e, mais tarde, foi designada religião oficial do império pelo Imperador Teodósio.

Escrevo este texto no dia 17 de maio, dia internacional de combate a lgbtfobia.  O ódio, o preconceito e a rejeição a pessoas com identidade sexual diferente é fomentada, sobretudo, pela religião cristã. O atual Papa, Leão XIV, afirmou que a família legitima é baseada na união entre homem e mulher. Esta fala machucou pessoas LGBT que professam a fé cristã e que tinham esperança que a igreja continuasse com a abertura iniciada pelo Papa Francisco.

Estou com os textos bíblicos do Calendário Cristão destinado ao 5º Domingo da Páscoa, dia 18. O Salmo 148 convida todas as pessoas a louvar a Deus. Apocalipse anuncia que o mar, morada dos poderes do mal, deixará de existir e uma nova humanidade surgirá com base no amor incondicional. Em Atos, Pedro relata que a Palavra de Deus, Jesus, foi recebida com alegria pelos gentios e a eles foi dado o dom do Espirito Santo. Por fim, temos no evangelho de João, Jesus dizendo que dava um novo mandamento aos seus discípulos. “Assim como eu os amei, que também vocês amem uns aos outros” (Jo 13.34).

Lgbtfobia não é opinião, é crime. Como discípulos de Jesus devemos amar como ele nos amou. O amor incondicional a todas as pessoas é uma alternativa ao projeto de opressão e morte oferecido pelos poderes desse mundo, inclusive pelo poder da religião cristã. Os verdadeiros discípulos de Jesus tem no amor uma marca distintiva.

Rev. Ezequiel Luz

Pastor

sexta-feira, 9 de maio de 2025

DEUS NÃO CABE EM NOSSA CAIXA

 “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo 10.28)


Seria a Bíblia a Palavra de Deus? Ao dizermos que a Bíblia é a Palavra de Deus, igualamos os dois termos e fomentamos a ideia de colocá-lo dentro de uma caixa. O que cremos ser a Bíblia, pode revelar nosso desejo de manipular suas palavras para justificar nossa visão de mundo, nossos preconceitos, ódio e julgamentos.

Jesus é a Palavra de Deus. “No principio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1). Por ocasião do batismo de Jesus os discípulos ouviram uma voz do alto dizendo: “Este é o meu filho amado: a ele ouvi” (Mc 9.7). Jesus dizia: ouvistes o que foi dito aos antigos (...) eu, porém voz digo (...) Portanto não adianta estar na Bíblia. Tem que estar em Jesus.

Quando usamos esse critério entendemos que Jesus não cabe em nossa caixa. Caixa teológica, doutrinaria, eclesiástica e moralista. As ovelhas que ouvem sua voz são por ele acolhidas e ninguém as arrebatará das suas mãos. Não importa quem somos, se ouvirmos a Jesus, somos aceitos e acolhidos e nada nos separará do amor de Deus em Jesus. Amém!


Rev. Ezequiel Luz

Pastor da IPI do Brasil