MEUS PARCEIROS

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

O SONHADOR É UM AGENTE DO REINO


“A Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que será chamado Emanuel, que quer dizer Deus conosco” (Mt.1.23).

Conta-se que o grande conquistador e imperador romano Júlio Cesar ao desembarcar na costa britânica com o seu exército, mandou secretamente, incendiar toda a sua frota. Sua argumentação era de que em caso de derrota a frota seria indispensável para a retirada e em caso de vitória utilizariam os navios conquistados dos inimigos. Os soldados, sem os barcos, dariam suas vidas pela conquista das novas terras descobertas, justamente porque aquela era sua única chance de continuar vivendo. Júlio Cesar queria incutir nas mentes de suas tropas a máxima, vencer, vencer e vencer. Os sonhadores agem assim, eles transformam os obstáculos em etapas para atingir objetivos maiores e não desistir no meio do caminho.

Vejam a narrativa de Mateus sobre o nascimento de Jesus. Quando José soube da gravidez de Maria, pensou em desistir do casamento. Imaginem se José tivesse desistido dos seus sonhos. Não teríamos o cumprimento do que o profeta Isaias disse para Acaz: Deus lhes dará um sinal; a virgem dará a luz a um menino e o seu nome será Emanuel. Mas José não desistiu acreditou no sonho e fez o que o anjo lhe havia mandado. Superou a aflição, a ansiedade e a decepção e com esta decisão participou da inauguração do Reino de Deus para nós.

Sonhar é acreditar em algo e agir em direção a sua realização de forma que o que era inacreditável torna-se realizável. Coisas maravilhosas Deus têm guardado para aqueles confiam e sonham com a realização de suas promessas. Muitas vezes em nossas lutas diárias temos decepções, aflições e tomados pelo desespero pensamos em adotar atitudes extremas como José e desistir no meio do caminho.

Deus nos escolheu para participarmos da construção do seu Reino. Muitas vezes nossos “navios são queimados”, mas não podemos desistir e para no meio do caminho. Precisamos sonhar com os projetos de Deus para a nossa vida. E transformar os obstáculos em etapas da nossa jornada celeste, pois o Emanuel, o Deus Conosco, o filho de Davi já nasceu e está em nosso meio. O Senhor dos exércitos é o nosso refúgio e amparados por ele podemos dar sinais de que o sonho do Reino de Deus é possível.


Rev. Ezequiel Luz


terça-feira, 10 de dezembro de 2019

ESPERANÇA NO AMANHÃ


“Fortaleçam as mãos cansadas, deem firmeza aos joelhos fracos. Digam aos desanimados: Não tenham medo; animem-se, pois o nosso Deus está aqui” (Is 31.3-4).

Estamos sob a égide de um novo governo eleito no final do ano passado. Com a chegada do terceiro domingo do Advento se completa 11 meses e meio desde a posse do atual governo. E percebemos pelos menos três grupos em nosso meio. Os otimistas, que votaram no atual governo e depositam nele total confiança e não aceitam nenhum questionamento ou critica. Para esse grupo, tudo que vem do governo está corretíssimo. Temos outro grupo dos que votaram no atual governo, mas se decepcionaram, não acreditam mais nele e o abandonaram. Um terceiro grupo é formado pelos que não votaram no atual governo e, portanto e não acredita em melhora alguma, mas sim no enfraquecimento das esperanças do povo. Olhando para esse quadro nos deparamos com um ambiente de ódio, intrigas, intolerância, destruição, violência de toda natureza. Esta percepção gera desanimo e desesperança. Mas os cristãos, salvos por Jesus, independente de questões politicas ideológicas, devem alimentar sua esperança no amanhã de Deus.

O profeta Isaías usando uma linguagem linda, poética constrói uma mensagem com cores vivas para despertar a esperança e o ânimo dos filhos das tribos de Benjamim e Judá que estavam cativos sob o domínio dos babilônicos. Até a natureza pode oferecer uma nova realidade onde as flores cobrem o deserto e os cegos voltem a enxergar. Tiago, no capitulo cinco, depois de criticar os ricos que retém o salario dos trabalhadores e oprimem o pobre ele diz: “tenham paciência irmãos, não desanimem, pois o Senhor virá logo” (8).  Maria, em Lucas um, afirma no seu cântico que Deus se lembrou dos humildes e derrotará os orgulhosos e prepotentes. João Batista em Mateus 11 manda seus discípulos perguntarem a Jesus se ele era o messias ou deviam esperar outro. Jesus responde: digam a João que vocês estão vendo, os cegos veem, os coxos andam e aos pobres é pregado o evangelho.

Os textos bíblicos indicados para o Terceiro Domingo do Advento anunciam a proximidade do Reino de Deus para toda a humanidade. Este Reino foi inaugurado com o nascimento de Jesus em Belém de Judá. E nós que vivemos hoje podemos contemplar a beleza dessa obra e ser consolado e animado por ela. Portanto precisamos olhar para a mensagem do Advento e encontrar pistas que nos dê esperança quanto ao amanhã, mesmo diante das lutas, decepções e frustrações de hoje. Advento é anunciar que o Natal é o Reino de Deus inaugurado, mas também é anuncio da volta de Jesus para implantar o Reino de forma definitiva. Portanto não desanimem, vamos alimentar nossa esperança no amanhã de Deus.

Rev. Ezequiel Luz




terça-feira, 3 de dezembro de 2019

JOÃO BATISTA


“Arrependam-se dos seus pecados porque o Reino do Céu está perto!” (Mt 3.2).

Tudo o que temos visto nestes dias, enfeites, luzes, comércio movimentado, emoldura esta época do ano de comemorações natalinas. Este Segundo Domingo do Advento é também o dia da Bíblia.  E você é convidado a refletir sobre sua vida a partir da experiência de um personagem bíblico: João Batista. Não é possível passar pelo Advento sem refletir sobre este personagem e sua mensagem.

João Batista é uma figura exótica e desafiadora. Seu nascimento foi predito de forma espetacular. O pai é o sacerdote Zacarias. Durante o exercício do seu ministério no templo, um anjo revela que sua mulher Isabel dará a luz um filho cujo nome será João. Já adulto, vive no deserto trajando uma roupa feita de pelos de camelo e um cinto de couro. A alimentação era de gafanhotos e mel do mato. Andava pelo deserto pregando a urgência do arrependimento. Ele era a voz que clamava do deserto. Profecias indicavam ser ele o precursor do Messias, o mensageiro que prepararia o caminho para a chegada de Jesus.

Duas coisas me chamam a atenção quando penso em João Batista. Primeiro é sua pregação incisiva, direta, sem rodeios. Ele não se preocupava em agradar seus ouvintes. Sua mensagem era uma convocação para uma mudança radical nas atitudes e comportamentos. Aponta para a urgência do arrependimento para a remissão dos pecados, pois o Reino de Deus estava chegando. Segundo é sua coragem. Desprendeu-se de tudo que pudesse significar segurança e conforto. Correu o risco para servir com fidelidade o seu Deus. Terminou seu ministério sendo preso, condenado e decapitado.

Hoje a igreja tem dificuldade com pregadores como João Batista. Prefere os mensageiros de bênção, libertação, prosperidade sem a necessidade de arrependimento e mudança de vida. Mas neste Dia da Bíblia, os textos indicados no lecionário comum revisado falam de uma mensagem radical. Isaias 11 anuncia a chegada de um reino de plena harmonia e paz. Davi no Salmo 72 pede sabedoria para julgar com justiça os pobres. Romanos 15 nos alerta para acolhermos uns aos outros com amor e João Batista nos chama ao arrependimento em virtude da chegada do Reino de Deus.

Portanto, hoje, segundo domingo de Advento, temos a oportunidade de confessar nossas falhas e pecados e pedir perdão a Deus por dar guarida ao fascismo, a misoginia, ao racismo, a violência contra os pobres e a valores que não são os do Reino de Deus. Os frutos do nosso arrependimento serão percebidos na aceitação e relação fraterna com o nosso próximo. Também serão percebidos no testemunho corajoso da Igreja quando esta for fiel à radicalidade do evangelho de Jesus Cristo. Agindo assim a Igreja estará preparando o caminho para a volta do Messias. Amém!

Rev. Ezequiel Luz