“Deixo-vos
a paz, a minha paz vou dou; não vo-la dou como a dá o mundo.” (Jo 14.27a)
Quando
vou visitar meus irmãos e parentes em Blumenau, sou atraído a participar do culto
em português em uma igreja Luterana, situada no alto de um morro no centro da
cidade. Ela possui um templo no estilo gótico, construído na segunda metade do
século XIX. Chego cedo, subo a escada que dá acesso a entrada contemplando a
arquitetura, entro eu sou dominado por um silêncio que me dá um sensação da
presença de Deus. Sento-me, olho para belo teto do santuário, para a mesa da
comunhão, para o púlpito do lado direito de quem entra, para a pia batismal e depois
corro meus olhos pelo boletim, pela liturgia, leio um texto bíblico e fico meditando
na grandeza de Deus, embalado por uma música suave que sai de um órgão de tubo.
Esse
período é chamado de prelúdio. Prelúdio é uma apresentação, um ato introdutório
que antecede e antecipa o acontecimento principal e mais importante que está
por vir. Na igreja é um momento de preparação para o culto a Deus.
Infelizmente, muitas igrejas modernas não priorizam a experiência do prelúdio.
O fiel chega ao templo, que mais se parece com um clube social com gente
conversando e se cumprimentando. O grupo de louvor executa uma música agitada, e
em pouco tempo todos estão cantando, levantando as mãos, pulando, dançado. Não
se tem tempo para acalmar o coração, ao contrário, o culto é dominado por
intensos estímulos projetados para manter a atenção das pessoas.
Não
quero dizer que somente uma reflexão silenciosa, dentro de um ambiente emoldurado
por uma bela arquitetura, com uma música adorável ao fundo é o auge da experiência
religiosa. Quero dizer que a prática do prelúdio é necessária para nos desligar
das preocupações do cotidiano e nos preparar para o ato de culto. Além disso, a
prática do prelúdio é um meio para conduzir-nos a um tipo de vida diferente, a
vida que Deus desejou para nós, a vida focada na paz.
O
inimigo contemporâneo da paz é a busca intensa pelo prazer. Durante a semana somos bombardeados com as
mais diversas mensagens estimulando a busca do prazer. Os estilos modernos de
adoração e práticas espirituais quando não são acompanhados de momentos
contemplativos e de meditação, podem contribuir para uma vida que dependa
sempre de injeções de estímulos. Há muita gente viciada, buscando estímulos
cada vez maiores. Mas esses mesmos estímulos sequestram a sensação de prazer
produzindo desânimo com o que é ordinário, natural, corriqueiro e simples.
Portanto
amados, os prelúdios dentro e fora da igreja, e tudo o que eles representam –
serenidade, harmonia, paz, foco na presença de Deus – são necessários para uma
vida espiritual sadia e focada na paz.
Soli
Deo Gloria
Rev.
Ezequiel Luz