“Bendito é o Rei que vem em nome
do Senhor! Paz no céu e glória nas maiores alturas!” (Lc 19.38)
Na Praça São Pedro, noite do dia 13 de março,
a multidão esperava conhecer o Papa eleito. O cardeal argentino, Jorge Mario
Bergoglio, agora Papa Francisco, aparece no balcão da basílica, saúda os fiéis e profere o primeiro discurso. Afirma que os cardeais foram buscá-lo quase no
fim do mundo. Pede que rezem pelo Bispo Emérito Bento XVI, e também que a
multidão em silêncio ore por ele. Curvou-se em reverência para receber a oração
e só depois abençoa o povo. Foi o que bastou. O povo encantou-se com a
simplicidade do novo Papa e não percebe sua contradição.
Leonardo Boff em seu Twitter pergunta: “Não
vê as contradições entre Jesus na cruz e o Papa no palácio?" Segundo a “Veja”, o
Papa Paulo VI teria afirmado ser impensável que um papa de nome Francisco
pudesse morar no Vaticano, porque a contradição saltaria aos olhos. Pois um
jesuíta, pela primeira vez eleito Papa, veio para revelar essa contradição.
Hoje, Domingo de Ramos, somos convidados a
recordar a profecia de Zacarias. Ele afirmava que um futuro rei de Judá
entraria em Jerusalém trazendo salvação, não com carros de guerra e montado em cavalo
de batalha, mas humilde em cima de um jumento (Zc 9.10). Quando Jesus entra na
cidade, carregado por um jumentinho, as pessoas o recebem com honras de rei,
espalhando ramos e deitando suas próprias vestes pelo chão e gritando: Bendito
é o Rei que vem em nome do Senhor! Essa atitude do povo é a mais clara
contradição entre a expectativa de salvação imaginada pelos homens e aquela que
Deus planejou. A multidão sempre sonha com um salvador da Pátria, que chega
para despojar os poderosos e instaurar a justiça, a fraternidade e a paz.
Um dos títulos do Papa é “Sevus Servorum
Dei”. O Papa Francisco pretende ser esse servo dos servos de Deus morando em um
palácio real, com seguranças e muitos serviçais a sua disposição. Jesus, o “Rex
Regum”, para ser esse Rei dos reis deixou de lado os privilégios de sua
divindade e assumiu a condição de servo, tornando-se humano. Viveu uma vida
abnegada e obediente até a crucificação (Fp 2.5-8).
Não sei se o Papa vai realizar as mudanças na
igreja que os católicos desejam. Mas o Rei Jesus, ao morrer na cruz em nosso
lugar e ressuscitar, conquistou a nossa plena libertação. Por essa razão é que somos
servos de Deus, e devemos servi-lo com tudo o que temos e com tudo o que somos.
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz