“Desse modo não existe diferença
entre judeus e não-judeus, entre escravos e pessoas livres, entre homens e
mulheres: todos vocês são um só por estarem unidos com Cristo Jesus.” (Gl 3.28
NTLH).
Conversando com uma irmã sobre o dia da mulher
ela afirmou: “Até parece ser grande coisa ter um dia especifico para a mulher.
Por que não se estabeleceu um dia do homem? Na verdade a mulher não precisa de
uma data pré-estabelecida. Todo o dia é dia da mulher, pois ela está viva e
atuante, ela não tem folga”.
Não pude deixar de dar razão a essa irmã. Mas
na antiguidade a mulher era vista de forma negativa, em clara situação de
inferioridade diante do homem. Entre o povo de Israel, organizado de forma
patriarcal, a mulher era excluída de uma participação efetiva tanto da esfera
civil quanto da religiosa. Quem, na antiguidade, concedeu voz e dignidade as
mulheres foi Jesus Cristo. Ele falou publicamente com mulheres, possuía
discípulas e mantinha uma relação de amizade com Marta e Maria. E foi justamente
o sexo feminino, desprezado e oprimido pelo homem, que Deus escolheu para
anunciar em primeira mão o maior evento do cristianismo, a ressurreição de
Jesus. Na idade média as ordens eclesiásticas formadas por mulheres
desempenhavam um importante papel dentro da igreja, mas em situação de completa
submissão ao clero masculino. Talvez a data seja uma forma de tentar fazer
justiça a este ser humano de importância fundamental para a sociedade.
Entre os cristãos sempre houve exagero e
interpretação literalista de certos textos paulinos, para justificar a
inferioridade da mulher. Mas, Calvino, referindo-se a estas interpretações
disse: “E alguma vez vai chegar a hora em que seria melhor que a mulher falasse
do que se calasse”. Em 2009, uma nota da agenda da IPI do Brasil, afirma:
“Calvino enfrentou os problemas de exegese relacionados com textos de Paulo
sobre as mulheres. Contestou a interpretação segundo a qual apenas o homem é a
imagem de Deus. Defendeu a existência da ordem das diaconisas nos escritos
paulinos e exaltou as grandes mulheres do Antigo e do Novo Testamento”. Para o
reformador, a restrição paulina para a ordenação de mulheres ao oficialato
encontrada em apenas um texto das Escrituras, não deveria ser encarada
dogmaticamente, mas como uma convenção cultural de uma determinada época. Sendo
assim, em uma época totalmente desfavorável às mulheres, a postura de Calvino é
de vanguarda.
Neste dia parabenizamos a todas as mulheres,
especialmente as mulheres brasileiras, calvinistas e presbiterianas
independentes. Como herdeiros da reforma calvinista, temos o dever de orar para
que a mulher não seja reconhecida apenas no dia 8 de março, mas que seu valor
seja percebido e reconhecido diariamente. Amém!
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz