Estávamos, eu e minha esposa, em um supermercado
que entre outras coisas também serve refeições. Fomos almoçar e já estávamos
quase no fim da refeição, quando entrou uma senhora de mais ou menos 35 anos,
com um menino de 5 anos. “Filho, vamos sentar aqui nesta mesa”, disse ela ao
menino. “Não, ai não, vai ser aqui. Eu é que escolho”, respondeu o filho. “Você
não escolhe, sou que escolho e você obedece”, respondeu. Enquanto mãe e filho
discutiam, fomos ao caixa para pagar nosso almoço. Na saída olhei para a mãe e
o menino e eles estavam assentados no lugar escolhido pelo menino.
No dia seguinte, no mesmo lugar deparamo-nos
com uma mãe sentada com seus dois filhos. Um menino de 7 e uma menina de 4 anos.
A menina chorava e sentada no chão dizia: “Quero sorvete... eu quero sorvete”.
A mãe olhou para ela e disse: “Levanta dai, senta e termina de comer”. A menina
levantou, sentou, mas não terminou de comer e insistia no sorvete. A mãe pegou
a filha pela mão e dirigiu-se ao caixa seguido do filho mais velho. Pagou e foi
embora sem comprar o sorvete para filha. E a menina não fez nenhuma birra. Não
sei o que a mãe disse para a filha, mas a menina entendeu que era para valer.
Fiquei pensando como essas crianças seriam
quando chegassem à fase adulta. Talvez tenhamos aqui exemplos de uma educação
permissiva e a outra opressora. Como o mês de maio é tradicionalmente dedicado à
família, me proponho, neste curto espaço, refletir sobra a tarefa de educar
filhos. Não há fórmula mágica, mas os pais precisam encontrar o ponto de
equilíbrio entre a permissão excessiva e negação total, entre liberdade e
opressão.
Um dos elementos importantes na educação é o
diálogo. Quem é da minha época, década de 50 e 60, deve lembrar-se de que a educação era muito rígida e severa. Era composta por limites castradores e não
muito raramente seguido de castigos físicos. A distância entre pais e filhos
era enorme. Felizmente muitas mudanças ocorreram para uma maior aproximação de
pais e filhos. Quando for falar com seu filho ou filha se abaixe para ficar na
mesma altura. Olhe nos olhos da criança e converse. Fale de suas lutas,
dificuldades, sonhos, conquistas e fracassos. Humanize-se. Deixe que a criança
te conheça com suas qualidades e defeitos.
Outro elemento é ensinar a criança o valor da
liberdade. Ela é essencial à vida humana em sociedade. Mas ensine também que a
liberdade tem limites. Muitos pais deixam que seus filhos façam o que querem.
Assim eles se tornam indisciplinados e arredios a qualquer determinação dos
adultos. Não deixe seu filho ou filha sem limites. Uma criança que não tem
limites não se sente amada, não se sente valorizada pelos pais. Autoritarismo e
permissividade são dois comportamentos radicais e nocivos para a educação.
Ainda há mais um elemento que julgo
importante na educação de filhos: o exemplo. Na frente de seus filhos demonstre
respeito e carinho para com os mais velhos. Trate bem e com dignidade as
pessoas que lhe prestam serviços como o frentista do posto de gasolina onde
você abastece seu carro, o atendente da farmácia, o caixa do supermercado, o
feirante, o quitandeiro, o vizinho. Faça isso na frente de seus filhos e diga a
eles como é importante respeitar e valorizar o outro.
Creio que assim, e com a graça de Deus, você
estará educando filhos que serão bons cidadãos.
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz