Escrevo esta meditação na
quinta-feira, dia de Corpus Christi, que não é um feriado nacional, mas é
ponto facultativo. Isso significa que a entidade patronal é quem define se os
funcionários trabalham ou não nesse dia.
Corpus Christi significa Corpo
de Cristo e é uma festa cristã que tem por objetivo celebrar o mistério
da eucaristia, o sacramento do corpo e do sangue de Jesus Cristo. A celebração
sempre acontece 60 dias depois do Domingo de Páscoa ou na quinta-feira seguinte
ao domingo da Trindade, em alusão à quinta-feira santa quando Jesus instituiu o
sacramento da eucaristia. A celebração foi instituída pelo Papa Urbano IV
no dia 8 de setembro de 1264. Nem todos os cristãos celebram o Corpus
Christi ficando mais restrita aos católicos. Mas quero aqui refletir sobre
o comprometimento do sacramento da eucaristia, também chamada de Santa Ceia ou
Ceia do Senhor.
O que significa para o cristão
participar da Eucaristia vivendo um tempo de pandemia no mundo e crise humanitária,
política e econômica em nosso país? Sabemos que o sacramento do batismo é o
sinal da nova vida em Cristo e une o batizado com o corpo de Cristo, a Igreja.
A partir daí, o batizado é convidado a sentar-se a Mesa Eucarística. Ao
participar da Ceia do Senhor e comungar do corpo e do sangue de Cristo, o
cristão alimenta sua fé. Também proclama a comunhão com o corpo de Cristo, com
a Igreja, com outros irmãos de fé. O que é preciso enfatizar é que ao
participar do mesmo pão e do mesmo cálice em um determinado lugar, o cristão
manifesta e revela a unidade dos participantes com Cristo e com todos os
comungantes em todos os tempos e em todos os lugares.
Outro comprometimento
importante é entender que a participação na eucaristia abarca todos os aspectos
da vida. Como um ato de ação de graças pressupõe a reconciliação e a partilha
com todos, vistos como irmãos e irmãs da única família de Deus. Portanto
participar da Santa Ceia é uma tentativa de buscar relações normais no seio da
vida social, econômica e política. Quando partilhamos do corpo e do sangue de
Cristo somos desafiados a lutar contra todas as formas de injustiça, de
preconceito, de racismo, de violência e de autoritarismo. Através da eucaristia,
a graça de Deus invade meu ser levando-me a enxergar a vida e o meu próximo com
o olhar fraterno e solidário.
Entendo que esses
comprometimentos, o da unidade do corpo de Cristo e o da solidariedade
fraterna, devem levar-nos a refletir sobre como tem sido a nossa relação com a
eucaristia. Uma participação consciente me fará entender que todos os que
professam ou professaram a fé no Cristo ressurreto em qualquer lugar do mundo
são meus irmãos e irmãs. Também deve me levar a perceber que não posso ficar
alheio, indiferente aos graves problemas da sociedade humana, especialmente aqui
no Brasil em meio a pandemia e a uma crise política e econômica.
Rev. Ezequiel Luz
Pastor da 4ª IPI de
Dourados