MEUS PARCEIROS

quinta-feira, 22 de abril de 2010

DEUS CUIDA DE NÓS

O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará (Salmo 23.1)


Sou urbano. Nasci e me criei na cidade. Jamais tive interesse no processo de criação de cavalo, vaca, carneiro, porco, galinha. A noção mínima que possuía vinha da televisão. Mas minha esposa foi criada na roça. Cresceu em meio à lavoura e criação de animais. Por causa dela, tive a oportunidade de acompanhar a maneira como sua família lidava com a criação de animais. Por exemplo, meu sogro sempre apreciou a carne de ovinos. Criava-os com muito cuidado. Dava-lhes a melhor ração, colocava-os em lugar seguro e solicitava com frenquencia a visita do veterinário para avaliar a saúde dos carneiros (macho), ovelhas (fêmeas) e cordeiros (filhotes). Acredito que se dependesse da ovinocultura para sobreviver, também cuidaria com muito zelo esses animais.

Entretanto Deus não depende de nós para existir. Sua existência independe da nossa. Deus não precisa de louvor, adoração, culto, ofertas para ser Deus. Mesmo que não houvesse seres humanos e igreja Deus continuaria sendo Deus. Mas apesar disso ele escolheu relacionar-se com os seres humanos e decidiu fazer desse relacionamento a menina dos seus olhos. Relacionar-se com os homens é tão importante para Deus que ele não mede esforças para manter ou restaurar esse relacionamento. O ponto máximo desse esforço custou o sacrifício de Jesus na cruz. Com este sacrifício o relacionamento entre Deus e o homem, corrompido pelo pecado, foi restaurado.

A tradição judaica atribui ao Rei Davi a composição do Salmo 23. Nesta oração, em forma de poema, Davi fala de momentos bons e ruins. Fala de pastos verdejantes e águas tranqüilas, mas fala também, de vale da sombra da morte e de inimigos. O surpreendente é que nos momentos bons ou ruins, O pastor, aquele que cuida das ovelhas, estará sempre presente. A Bíblia usa com freqüência a figura do pastor e as ovelhas para referir-se ao relacionamento entre Deus e o seu povo. Deus não promete solução para todos os nossos problemas. Promete esta conosco em todos os momentos da nossa existência, amparando, consolando, confortando e ajudando-nos a enfrentar cada um dos obstáculos de nossa caminhada.

Portanto, no relacionamento com Deus, não deveria ser difícil portar-se como ovelha obediente. Assim como o pastor de ovelhas se preocupa com cada um dos animais sob os seus cuidados e procura dar-lhes o melhor, Deus também quer cuidar de cada um de nós em todo o tempo, nos momentos bons e nos momentos ruins, dando-nos o sempre o melhor tratamento.
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

sexta-feira, 16 de abril de 2010

DEUS SURPREENDENTE

“Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21.17).


Pedro sempre foi um discípulo muito impulsivo e autoconfiante. Certa vez, num arroubo de grandeza prometera que seria capaz de dar a própria vida por Jesus. Mas quando Jesus foi preso, a insegurança e covardia de Pedro vieram à tona. Por três ocasiões ele nega que conhecia Jesus. Quando o galo canta, recorda as palavras de Jesus avisando-o de que isto iria acontecer e arrependido chora profusamente.

Depois da crucificação de Jesus os discípulos ficam desnorteados. Eles estavam reunidos a portas fechadas quando Jesus aprece ente eles. Tomé não estava e quando informado sobre o acontecido disse que só acreditaria vendo. Novamente Jesus aparece a eles quando estavam trancados e Tomé tem a oportunidade de ver e tocar em Jesus ressurreto. Logo após esse encontro, Pedro e outros discípulos resolvem pescar. O sonho acabou e tinham que voltar as suas atividades normais. Entraram no barco e naquela noite não pegaram nenhum peixe. Cansados resolveram voltar para casa. Jesus está na praia, mas eles não o reconhecem. Mesmo assim obedeceram ao Senhor e lançaram as redes mais uma vez. O resultado foi surpreendente. Retiraram do mar uma quantidade enorme de peixes. Com o milagre reconheceram Jesus e sentam-se com ele na praia para uma refeição. Assim que terminaram, Jesus, por três vezes, pergunta se Pedro o amava mais do que os outros. Ele responde afirmativamente e recebe a responsabilidade de pastorear as ovelhas de Jesus.

Nestes episódios pós ressurreição somos, mais uma vez, surpreendidos pelas atitudes de Jesus. Primeiro, com muita misericórdia ele vai ao encontro de Tomé e lhe dá uma nova oportunidade de experimentar a graça e bondade de Deus. Segundo, apesar da traição de Pedro, Jesus não vira as costas àquele que fracassara. Com muito amor, vai ao seu encontro, estende-lhe a mão, oferecendo seu perdão. Com este gesto Pedro e restaurado. Torna-se um novo homem e abandona a autoconfiança, passando a confiar somente em Deus. Aceitou o convite de pastorear as ovelhas de Jesus e no fim do seu ministério, morre em uma cruz defendendo o evangelho.

Nós também muitas vezes duvidamos e traímos nosso Senhor. Somos fracos. Sedemos facilmente às tentações. Mas nem por isso Jesus vira-nos as costas. Ao contrario, ele nos surpreende vindo ao nosso encontro através da Proclamação da Palavra, da celebração da Santa Ceia e do Batismo, convidando-nos a segui-lo.

O nosso Deus é surpreendente. Por esta razão, apesar de nós, ele continua nos chamando a caminhar ao seu lado e a dar testemunho do seu grande amor.

Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

sábado, 10 de abril de 2010

A PAZ QUE VEM DE DEUS

“Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (João 20.21).


Uma repórter pergunta a uma das vitimas do deslizamento do morro do Bumbá em Niterói: “O que você esta sentindo? A mulher responde: “Medo”! “Muito medo”. Todos nós já vivemos experiências dolorosas que provocam medo. O medo é resultado da incerteza, da insegurança, da falta de base, de suporte, de fundamento. É comum ouvirmos alguém dizer que está com medo porque lhe tiraram o chão.

Assim também ficaram os discípulos depois da crucificação e morte de Jesus. No cair da tarde do domingo estavam reunidos, de portas trancadas, com medo dos lideres judeus. Eles viveram uma tremenda experiência, mas agora estavam sem rumo, sem esperança, sem fundamento. Tudo fora abalado, e muito. A crucificação e morte de Jesus deixaram-os desnorteados. Eles não conseguiam mais imaginar viver sem o Mestre. Afinal, foi no convívio dele que experimentaram a realidade do projeto do Reino de Deus. As palavras e sinais de Jesus abriram-lhes os olhos e coração para a possibilidade dessa nova realidade. Mas de repente tudo acabou. Era o fim. A ameaça de morte pairava sobre a comunidade dos discípulos.

As comunidades do Rio de Janeiro atingidas pelas enchentes e deslizamentos não conseguirão reconstruir suas vidas sozinhas. Elas necessitarão da ajuda dos governos federal, estadual, municipal, bem como da ajuda de todo o povo brasileiro. Também aquela pequena comunidade cristã não conseguiria se refazer sozinha. Por esta razão, no meio daquela reunião a portas fechadas, Jesus aparece vivo, ressurreto e diz: “Que a paz esteja com vocês”! Por três vezes ele cumprimenta os discípulos com esta frase. Ela trás uma mensagem e uma oferta. Assim Jesus encoraja sua pequena e medrosa comunidade enviando-a ao mundo.

Hoje nós fazemos parte da comunidade de Jesus. Fomos presenteados com a paz do ressurreto, não podemos ficar em casa, de portas trancadas e com medo. A paz que vem de Deus abre as portas. Impulsiona os que a receberam a saírem do seu comodismo. Motiva-os a levar ao mundo a paz que excede toda a compreensão humana. Somos enviados para repartira a paz que vem de Deus. Ela pode ser experimentada por outros através do anúncio do evangelho. Também através da oração e de atos de misericórdia em favor dos que sofrem.


Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

sexta-feira, 2 de abril de 2010

NOSSA PÁSCOA

"Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado" (1 Co 5. 7).

Estamos no domingo de Páscoa, a celebração mais antiga e mais importante dentro do calendário litúrgico. Na Páscoa celebramos a ressurreição de Jesus, três dias após sua crucificação. “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1Co 15.17). Jesus é identificado pelo Novo Testamento, com o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29).

A instituição da Páscoa já era celebrada muito tempo antes de Jesus. Remonta ao episódio da libertação do povo hebreu da escravidão do Egito durante o reinado do Faraó Ramsés II. Relembra o êxodo quando, sob a liderança de Moisés, o povo saiu do Egito, atravessou o mar vermelho e passou da escravidão para a liberdade.
A palavra Páscoa vem do hebraico “pessach” que significa passagem, passar por cima. Há uma alusão ao fato de o anjo da morte ter passado por cima das casas dos hebreus e poupado seus primogênitos. A morte de todo o primogênito era a décima praga sobre o Egito para obrigar Faraó a deixar o povo de Deus sair. Para que a família fosse poupada havia a necessidade de marcar a porta da casa com o sangue do cordeiro que seria assado e comido com pães sem fermento (asmos) e ervas amargas para relembrar o sofrimento do tempo da escravidão. Deveria ser comido às pressas e com roupa de sair para simbolizar a urgência com que tiveram que deixar o Egito rumo à liberdade. (Ex 12. 1-28).

Em nossa Páscoa, nós, cristãos, também celebramos a libertação operada por Deus em nossa vida. Libertação realizada por intermédio de Jesus Cristo. Sua morte na cruz foi vicária e expiatória, isto é, morreu em nosso lugar para nos purificar. Seu sangue marcar-nos como povo separado e livre da morte eterna. Jesus veio reconstruir a ponte do nosso relacionamento com o Pai que havia sido rompida por conta da rebelião do nosso pecado. A ressurreição de Jesus é a garantia que temos de que através da fé podemos ter paz com Deus. Ele é a ponte. Somente através dele nos aproximamos de Deus. Ele é o Cordeiro de Deus que foi imolado uma única e definitiva vez na Páscoa para nos garantir vida.

Em nossa Páscoa celebramos a Cristo morto e ressurreto. Celebramos a vitória da vida sobre a morte, do amor sobre o ódio, do perdão sobe a vingança, da esperança sobre o medo, da paz sobre o desespero. Celebramos a vitória de Cristo, Senhor de tudo e de todos. A Ele, pois, sejam dados a honra, a glória e o louvor pelos séculos dos séculos. Amém!
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz
Ilustração de Jasiel Botelho