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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

ADVENTO E JUSTIÇA

“Mas com justiça julgará os necessitados e defenderá os direitos dos pobres” (Is 11.4)


O Rio de Janeiro viveu um intenso clima de guerra. A reportagem dos jornalistas  Ronaldo Soares e Roberta de Abreu Lima da revista Veja começa com a seguinte frase: “A batalha do bem contra o mal foi mais uma vez travada no Rio de Janeiro – agora com tintas de Amargedon”. A leitura do texto nos remete a uma visão maniqueísta e triunfalista. Imaginar que  a violência que veio sobre o Rio nos últimos dias faz parte da guerra entre o bem, representado pelas forças públicas de segurança, e o mal, personificado pelos traficantes, é ignorar a natureza humana. Também achar que esta batalha é final e que agora será construído um novo céu e uma nova terra no Rio de Janeiro é desconsiderar a história. Por meio dela sabemos que muitas ações contra uma determinada situação, com o passar do tempo adota o mesmo padrão que antes se condenava.


Claro que temos que aplaudir a ação enérgica do estado contra o crime e toda a ação visando estabelecer condições de vida com paz e justiça nas comunidades cariocas. Só não podemos achar que tudo está resolvido. Foram anos e anos de resignação do Estado e de um relacionamento promiscuo e espúrio entre autoridades e os bandidos. A ficção “Tropa de Elite II” mostra como é possível a convivência da Segurança Pública e o crime organizado com a finalidade de manter o poder em determinada área metropolitana. O sonho de justiça plena, de paz entre as pessoas, de amor e solidariedade sempre esbarra nas limitações humanas imposta pelo pecado. Mas constatar esse fato não pode nos roubar o direito de sonhar.

A igreja que lê as Escrituras com os olhos voltados para a realidade  faz periodicamente uma releitura e encontra motivos para sonhar com um mundo marcado pela justiça. As profecias encontradas em Isaias 11 nos falam de um descendente de Davi, que sob a direção do Espírito Santo julgaria não com base na aparência ou em ouvir dizer, mas com base no conhecimento e na sabedoria. Julgaria  com justiça o necessitado e defenderia os direitos dos pobres. Com justiça e honestidade governaria o seu povo e até os animais conviveriam harmoniosamente.

A Igreja, neste momento, se prepara para dois adventos. Primeiro festeja o nascimento de Jesus, o descendente de Davi profetizado por Isaias. Segundo renova a esperança no estabelecimento do Reino de Deus sobre todos os povos. Vivemos o período entre o advento da manjedoura, que já veio  e o advento da justiça plena, que ainda não se concretizou. Durante este período devemos proclamar que o mundo não está entregue a sua própria sorte. Um futuro de justiça e paz nos aguarda. Ele não será implantado pela força das armas, mas pela força do amor de Deus pela humanidade.
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo plenamente com o Reverendo no seu artigo. Entretanto desejo acrescentar que nós brasileiros precisamos de repensar que o crime avança porque nós, cristãos não avançamos. Precisamos fazer a diferença .Falta ousadia para ir a Nínive pregar para esses que nos desafiam e estão no mundo mas nem por isso deveriam de ser foco de evangelismo e ganhá-los para Cristo. O mundo jaz no maligno mas nem por isso podemos recuar. O nosso Senhor nos enviou e nos autorizou portanto precisamos obedecê-lO.