“As raposas têm seus
covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a
cabeça” (Mt 8.20).
Uma irmã, presbítera, disse-me que estava
encantada com a simplicidade do Papa Francisco. Aos poucos fui percebendo que
não somente ela, mas vários evangélicos não se cansam de elogiar o bispo
jesuíta de alma franciscana. Durante sua permanência no Brasil para a Jornada
Mundial da Juventude (JMJ), o Bispo de Roma, com seu jeito simples, seu sorriso
aberto e suas mãos estendidas, conquistou o povo brasileiro, e não apenas os
católicos, mas também evangélicos.
Possivelmente esse encantamento deve-se a
tácita insatisfação dos evangélicos com seus líderes. O Papa é seguidor, arauto
e praticante de uma ética rigorosa, da simplicidade e do compromisso com os
mais pobres, princípios desenvolvidos por São Francisco de Assis, o santo
católico que trocou uma existência de luxo pela renuncia aos bens matérias. No
Brasil muitos líderes evangélicos de hoje levam uma vida de ostentação e
riquezas.
Outra razão é que mesmo pertencendo a uma
igreja milionária – a Igreja Católica Apostólica Romana tem muito dinheiro – o
Papa ostenta uma vida simples. Ele mesmo carrega sua pasta de couro, usa sapatos
bem gastos. A cruz sobre o peito é a mesma que sempre usou e feita de ferro,
contrastando com a de ouro e pedras preciosas que os outros papas usavam nas
grandes ocasiões. O anel do pescador,
símbolo do poder papal, que antes era feito de ouro maciço, agora é de prata
dourada. Enquanto isso a maioria dos lideres evangélicos fazem questão de
ostentar riqueza, poder e glória.
Outro motivo para a popularidade do Papa
Francisco é que ele demonstra gostar de gente, de se relacionar com o povo, de
dar e receber abraços. Usa gírias e fala de igual para igual com as pessoas. Já
os atuais líderes evangélicos preferem a ostentação de títulos eclesiásticos
que os separam do restante do povo.
Os evangélicos de hoje precisam urgentemente
redescobrir o valor da simplicidade, virtude presente na vida de homens como
Agostinho, Lutero e Calvino e de pessoas como Francisco, que mesmo tendo uma fé
diferente do protestantismo histórico, comporta-se (pelo menos aparentemente)
como homens de Deus deveriam se comportar.
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz
Um comentário:
Excelente gostei!Uma semana cheia de bençãos...
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