VAMOS PEGAR NOSSAS ARMAS

“A noite está terminando, e o dia vem chegando. Por isso paremos de fazer o que pertence à escuridão e peguemos as armas espirituais para lutar na luz” (Rm 13.12).

Como o tempo voa! Hoje é domingo, dia primeiro de dezembro! A cidade enfeitada para a celebração do Natal e logo vem o final de 2019 e início de 2020. Mas para os cristãos, hoje é o início de um novo ano, o ano litúrgico. É o tempo do Advento. Um período de quatro domingos que antecedem o Natal e utilizado pela igreja como preparação para as comemorações natalinas e também para refletir sobre a volta de Cristo. Somos convocados a pensar na ação da igreja entre dois adventos: o primeiro nos leva para a manjedoura de Belém onde Jesus nasceu o segundo para o futuro estabelecimento do Reino de Deus. O primeiro é histórico e o segundo é escatológico. Por isso um dos textos bíblicos de hoje no alerta para agirmos pegando nossas armas espirituais.

Vivemos um tempo de muita violência. O noticiário fala de crianças, adolescentes, jovens que morrem todos os dias vítimas de armas de fogo. Vários líderes políticos do mundo defendem o acesso da população às armas como forma de combater a violência. No Brasil e em outros países da América Latina, leis vêm sendo debatida e criada para dar as policias mais poderes para matar. Entretanto, violência gera violência. Não será uma arma de fogo que capacitará o cristão a viver entre o advento histórico e o escatológico de acordo com a vontade de Deus. Aliás, outro texto indicado para o primeiro domingo do Advento afirma que no Reino de Deus as armas serão transformadas em instrumentos de trabalho e as nações nunca mais farão guerras (Is 2.4). As armas que nos capacitam a viver entre estes dois adventos são as armas espirituais, são as arma de Jesus Cristo.

Pegar nossas armas dignifica afirmar com convicção que Jesus Cristo é Senhor e Rei. Que a fé que Deus plantou em nossos corações nos leva em direção a uma vida de luta pela paz e não pela violência. Significa também que nossa vida deve ser pautada pelo amor a Deus e ao próximo, pela solidariedade com os mais fracos, pela tolerância com os que pensam diferente de nós, pela aceitação do outro. Significa trabalhar pelo Reino de Deus afirmando que só teremos paz quando houver uma distribuição mais justa das riquezas, mais educação de qualidade, mais atendimento humanitário aos enfermos.

No advento nos preparamos para as comemorações natalinas. Jesus nasceu e inaugurou o Reino de Deus. Mas o advento nos chama a nos preparar para a volta de Jesus quando o Reino será estabelecido definitivamente. Enquanto isso, a Igreja deve lutar exigindo que os valores do Reino de Deu, como amor, paz e justiça, sejam cada vez mais evidentes nas sociedades humanas. Vamos pegar nossas armas e lutar pelo Reino de Deus!

Rev. Ezequiel Luz

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DISCORDAR SEM ODIAR

A deputada do PSL Joice Hasselman passou por maus momentos sendo chamada de gorda, porca, Peppa Pig. Ao usar a tribuna da câmara chorou ao lembrar que seu filho perguntou por que ela estava sendo chamada de porca e que teve acesso a montagens pornográficas da mãe, nua, e com a cara feita com uma caricatura de uma porca. Logo ela que usou da mesma baixaria para atacar a ex-presidente Dilma Rousseff chamando-a de vaca, anta e outras impropriedades.

Mas o que me chamou a atenção foi que Manuela D’Ávila, adversária politica de Joice e vitima de centenas de “fake news”, muito deles divulgados por partidários de Joice. Manuela D’Ávila, cuja filha com 45 dias levou um tapa de uma mulher que dizia que o enxoval da criança tinha sido comprado em Miami com dinheiro publico, uma “fake news” comprovada posteriormente. Ela mesmo, usou sua conta no Instagram para escrever uma carta aberta de solidariedade para com a deputada Joice.  

Ao ler a carta de Manuela fiquei emocionado. Mas o que este episódio tem de interessante? Será que agora tenho que concordar com as ideias da deputada Joice? Não! Então tenho que aplaudir e concordar com a Manuela D’Ávila? Não! O que este episódio nos ensina é que é possível discordar sem odiar. Que é possível discordar de uma mulher sem ter que chama-la de vaca, porca, puta e sem ter que envolver seus filhos e família.

Discordância é saudável. A democracia precisa do contraditório. O que não é saudável para a democracia é o ódio, é homenagem a torturador, é defender a violência contra adversários, é achar que para destruir um concorrente politico vale tudo, vale agir fora da lei, vale desconsiderar a constituição federal. O que não é saudável para a democracia é também a homofobia, a misoginia, o racismo, a intolerância, a injustiça, a falta de solidariedade, é a indiferença para com o pobre e o mais fragilizado.

Discordar sem odiar! Chega de tanto ódio, venha de onde vier. Chega!

Rev. Ezequiel Luz

Pastor da IPI do Brasil