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quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

UM NATAL DIFERENTE

 


Glória a Deus nas maiores alturas do céu! E paz na terra para as pessoas a quem ele quer bem! (Lucas 2.14)


Estamos assustados. Os números da pandemia voltaram a crescer. O Brasil se aproxima de 200.000 pessoas mortas pela Covid-19. Famílias, parentes e amigos enlutados. São tempos difíceis, de isolamento e distanciamento social. Muito aprendizado. Aprendemos a conviver conosco mesmo, com nossas dúvidas, incertezas, contradições, incoerências. Aprendemos o valor da presença das pessoas, do afeto, do carinho. Aprendemos a viver com menos, a ser mais solidários e a partilhar o que temos com os mais necessitados.

Além disso temos as comemorações natalinas que este ano serão bem diferentes. Na minha vizinhança, por exemplo, apenas uma casa possui enfeites de Natal. Alguns vizinhos me disseram que não terão a presença de familiares vindos de outras localidades. A ceia de natal, se houver, terá apenas a participação da família local, o uso de mascaras, do distanciamento e sem abraços e beijos.

Por ser um Natal diferente quero convidá-lo a abandonar a visão ocidental, romântica, burguesa, capitalista do Natal e atentar para alguns detalhes da narrativa do capítulo dois do Evangelho de Lucas. Vamos nos transportar para o tempo e local do nascimento de Jesus. A cena é chocante. Não há lugar para Maria mesmo estando grávida. Ela dá à luz ao ar livre. A criança é enrolada com panos e colocado em um cocho, onde os animais se alimentavam. Lucas revela tanto a fragilidade de Jesus como a dureza do coração humano. Imagine como foi difícil para o casal ficar no estábulo e ser obrigado a colocar o filho recém-nascido em um coxo. Claro que ninguém sabia quem era José e Maria. Mas nada justifica deixar uma jovem grávida sem assistência e um bebê depositado em um coxo. O Messias nasce em uma família de camponeses, pobre, rejeitada e abandonada.

Ainda segundo Lucas, no mesmo momento um anjo aparece a pastores que estavam passando a noite no campo cuidando do rebanho. Anuncia a eles o nascimento do Salvador. Os pastores eram de uma classe marginalizada. Eles cheiravam mal, eram tidos como ladrões e o testemunho deles não era aceito nos tribunais. Mas a eles é dada a notícia em primeira mão do nascimento de Jesus. “Não tenham medo, disse o anjo. Estou aqui para trazer uma boa notícia para vocês, que será de grande alegria também para todo o povo. Hoje mesmo, na cidade de Davi, nasceu o Salvador de vocês – o Messias, o Senhor. Vocês o encontrarão, enrolado em panos e deitado em uma manjedoura”. (Lc 2.10-12). Eles deixaram o que estavam fazendo, foram a Belém e encontraram Maria, José e o menino.

A família de camponeses, a pobreza, a simplicidade do local e a revelação dos anjos a uma classe de pessoas marginalizadas apontam para o tipo de pessoas a quem Jesus daria preferência em seu ministério.  As pessoas “a quem ele quer bem” são os pobres, marginalizados, fragilizados, desprezados, abandonados, refugiados e rejeitados por nossa sociedade.

Tenham um bom Natal diferente!

 

Rev. Ezequiel Luz

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