Glória a Deus nas maiores alturas do céu! E paz na terra para as pessoas a quem ele quer bem! (Lucas 2.14)
Estamos
assustados. Os números da pandemia voltaram a crescer. O Brasil se aproxima de
200.000 pessoas mortas pela Covid-19. Famílias, parentes e amigos enlutados. São
tempos difíceis, de isolamento e distanciamento social. Muito aprendizado.
Aprendemos a conviver conosco mesmo, com nossas dúvidas, incertezas,
contradições, incoerências. Aprendemos o valor da presença das pessoas, do
afeto, do carinho. Aprendemos a viver com menos, a ser mais solidários e a
partilhar o que temos com os mais necessitados.
Além
disso temos as comemorações natalinas que este ano serão bem diferentes. Na
minha vizinhança, por exemplo, apenas uma casa possui enfeites de Natal. Alguns
vizinhos me disseram que não terão a presença de familiares vindos de outras
localidades. A ceia de natal, se houver, terá apenas a participação da família
local, o uso de mascaras, do distanciamento e sem abraços e beijos.
Por
ser um Natal diferente quero convidá-lo a abandonar a visão ocidental,
romântica, burguesa, capitalista do Natal e atentar para alguns detalhes da
narrativa do capítulo dois do Evangelho de Lucas. Vamos nos transportar para o
tempo e local do nascimento de Jesus. A cena é chocante. Não há lugar para
Maria mesmo estando grávida. Ela dá à luz ao ar livre. A criança é enrolada com
panos e colocado em um cocho, onde os animais se alimentavam. Lucas revela
tanto a fragilidade de Jesus como a dureza do coração humano. Imagine como foi difícil
para o casal ficar no estábulo e ser obrigado a colocar o filho recém-nascido
em um coxo. Claro que ninguém sabia quem era José e Maria. Mas nada justifica
deixar uma jovem grávida sem assistência e um bebê depositado em um coxo. O
Messias nasce em uma família de camponeses, pobre, rejeitada e abandonada.
Ainda
segundo Lucas, no mesmo momento um anjo aparece a pastores que estavam passando
a noite no campo cuidando do rebanho. Anuncia a eles o nascimento do Salvador. Os
pastores eram de uma classe marginalizada. Eles cheiravam mal, eram tidos como
ladrões e o testemunho deles não era aceito nos tribunais. Mas a eles é dada a notícia
em primeira mão do nascimento de Jesus. “Não tenham medo, disse o anjo. Estou
aqui para trazer uma boa notícia para vocês, que será de grande alegria também
para todo o povo. Hoje mesmo, na cidade de Davi, nasceu o Salvador de vocês – o
Messias, o Senhor. Vocês o encontrarão, enrolado em panos e deitado em uma
manjedoura”. (Lc 2.10-12). Eles deixaram o que estavam fazendo, foram a Belém e
encontraram Maria, José e o menino.
A
família de camponeses, a pobreza, a simplicidade do local e a revelação dos
anjos a uma classe de pessoas marginalizadas apontam para o tipo de pessoas a
quem Jesus daria preferência em seu ministério. As pessoas “a quem ele quer bem” são os
pobres, marginalizados, fragilizados, desprezados, abandonados, refugiados e
rejeitados por nossa sociedade.
Tenham
um bom Natal diferente!
Rev.
Ezequiel Luz
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