MEUS PARCEIROS

sexta-feira, 30 de maio de 2025

RECUPERANDO NOSSA HUMANIDADE

“Porque João, na verdade batizou com água, mas vocês serão batizados com o Espirito Santo, dentro de poucos dias.” (At 1.5)

Parlamentares nesta terça-feira (27) trataram mal a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na Comissão de Infraestrutura do Senado. O debate era sobre a proteção ambiental na Amazônia. Mas, ao invés de discutirem a proteção ambiental, senadores preferiram atacar a ministra. A falta de respeito foi tão grande que vários analistas políticos disseram que nunca viram algo tão grave. Na mídia digital milhares usaram a tag: “Marina Silva merece respeito”.

A ministra Marina merece respeito. Não apenas pela sua trajetória de superação, ou por seu ativismo ambiental reconhecido internacionalmente, ou por ser uma mulher negra que ocupa um cargo importante no governo, mas principalmente por ser um ser humano. O que aconteceu com a ministra Marina Silva reforça a ideia de que estamos perdendo nossa humanidade.

Quero relacionar este acontecimento com a narrativa de Lucas em Atos 1.1-11, texto usado pelos cristãos para celebrar a Ascenção do Senhor. A ascensão para os cristãos é a evidencia da aprovação divina ao que Jesus realizou e ensinou. O batismo com o Espírito Santo, prometido por Jesus, capacitará os discípulos a participarem da missão de Deus.

No tratamento dado a Marina Silva no Senado faltou humanidade. Senadores tidos como cristãos desrespeitaram a ministra que reagiu com firmeza. Todos os seguidores de Jesus também precisam reagir a falta de humanidade que diariamente percebemos em nosso dia a dia. Com a ascensão, Jesus deixou de estar corporalmente no mudo, mas pelo Espirito Santo ele passou a estar presente em todos os tempos e lugares através da Igreja. Somos batizados com Espirito Santo, isto é, somos batizados com a humanidade de Jesus. Portanto, somos responsáveis de tornar Jesus acessível a todas as pessoas. Assim nossa humanidade será recuperada.

Rev. Ezequiel Luz

Pastor

sábado, 24 de maio de 2025

A MISSIO DEI

“(...) e, assentando-nos, falamos às mulheres que haviam se reunido ali.” (At 16.13b)

A missão de Deus (Missio Dei) é o plano divino de amor incondicional para com toda a humanidade, revelado em Jesus de Nazaré. Não é uma ação, mas a própria natureza de Deus em sua forma de ser e se relacionar com o mundo. Deus é amor, envia Jesus para revelar esse amor e convida cada um de nós a transmitir esse amor a todos, sem distinção de raça, cor, gênero e identidade sexual.

No Calendário Cristão, estamos no período entre a Páscoa e o Pentecostes. É possível imaginar os sentimentos misturados vividos pelos discípulos neste período: ansiedade, medo, frustração, surpresa, alegria, fracasso.

Domingo, 25 é o 6º Domingo da Páscoa. Entre os textos indicados para este domingo encontra-se Atos 16.9-15. Antes da narrativa do texto, o autor conta que Paulo e seus companheiros tiveram uma viagem frustrada. Um sentimento de fracasso dominava Paulo e Silas. A noite Paulo tem uma visão: um homem macedônio/europeu pede ajuda. “Passe à Macedônia e ajude-nos”. Macedônia faz parte do continente europeu. Paulo e Silas resolvem viajar para a região e na cidade de Filipos encontram um grupo de mulheres, a beira de um rio, que ouvem a mensagem do amor divino e aceitam participar da Missão de Deus.

A narrativa de Lucas – aproximadamente há dois mil anos – quebra alguns preconceitos. Paulo tem uma visão de um homem pedindo ajuda, mas encontra mulheres. A líder do grupo é Lídia, uma mulher independente, dona do seu próprio negócio. Ela é estrangeira, imigrante, vinda de Tiatira, região que hoje corresponde com a Turquia.

A primeira comunidade cristã da Europa é iniciada por mulheres, lideradas por uma mulher livre e imigrante. A quebra de preconceitos narradas por Lucas revelam que todos nós podemos fazer parte da Missão Deus e compartilhar o amor incondicional revelado em Jesus de Nazaré. Você que lê este texto aceita participar dessa missão?

Rev. Ezequiel Luz

Pastor


sábado, 17 de maio de 2025

LGBTFOBIA NÃO É OPINIÃO, É CRIME

 “Nisto todos conhecerão que vocês são meus discípulos: se tiverem amor uns aos outros.” (Jo 13.35).


Religião é um traço da cultura, é realização humana que molda nossas crenças sobre a vida, a morte, influencia nossa visão de mundo e comportamentos éticos e morais. Jesus não fundou uma religião. O cristianismo, como religião, se firmou no século IV com a iniciativa do Imperador Constantino e, mais tarde, foi designada religião oficial do império pelo Imperador Teodósio.

Escrevo este texto no dia 17 de maio, dia internacional de combate a lgbtfobia.  O ódio, o preconceito e a rejeição a pessoas com identidade sexual diferente é fomentada, sobretudo, pela religião cristã. O atual Papa, Leão XIV, afirmou que a família legitima é baseada na união entre homem e mulher. Esta fala machucou pessoas LGBT que professam a fé cristã e que tinham esperança que a igreja continuasse com a abertura iniciada pelo Papa Francisco.

Estou com os textos bíblicos do Calendário Cristão destinado ao 5º Domingo da Páscoa, dia 18. O Salmo 148 convida todas as pessoas a louvar a Deus. Apocalipse anuncia que o mar, morada dos poderes do mal, deixará de existir e uma nova humanidade surgirá com base no amor incondicional. Em Atos, Pedro relata que a Palavra de Deus, Jesus, foi recebida com alegria pelos gentios e a eles foi dado o dom do Espirito Santo. Por fim, temos no evangelho de João, Jesus dizendo que dava um novo mandamento aos seus discípulos. “Assim como eu os amei, que também vocês amem uns aos outros” (Jo 13.34).

Lgbtfobia não é opinião, é crime. Como discípulos de Jesus devemos amar como ele nos amou. O amor incondicional a todas as pessoas é uma alternativa ao projeto de opressão e morte oferecido pelos poderes desse mundo, inclusive pelo poder da religião cristã. Os verdadeiros discípulos de Jesus tem no amor uma marca distintiva.

Rev. Ezequiel Luz

Pastor

sexta-feira, 9 de maio de 2025

DEUS NÃO CABE EM NOSSA CAIXA

 “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo 10.28)


Seria a Bíblia a Palavra de Deus? Ao dizermos que a Bíblia é a Palavra de Deus, igualamos os dois termos e fomentamos a ideia de colocá-lo dentro de uma caixa. O que cremos ser a Bíblia, pode revelar nosso desejo de manipular suas palavras para justificar nossa visão de mundo, nossos preconceitos, ódio e julgamentos.

Jesus é a Palavra de Deus. “No principio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1). Por ocasião do batismo de Jesus os discípulos ouviram uma voz do alto dizendo: “Este é o meu filho amado: a ele ouvi” (Mc 9.7). Jesus dizia: ouvistes o que foi dito aos antigos (...) eu, porém voz digo (...) Portanto não adianta estar na Bíblia. Tem que estar em Jesus.

Quando usamos esse critério entendemos que Jesus não cabe em nossa caixa. Caixa teológica, doutrinaria, eclesiástica e moralista. As ovelhas que ouvem sua voz são por ele acolhidas e ninguém as arrebatará das suas mãos. Não importa quem somos, se ouvirmos a Jesus, somos aceitos e acolhidos e nada nos separará do amor de Deus em Jesus. Amém!


Rev. Ezequiel Luz

Pastor da IPI do Brasil

domingo, 4 de maio de 2025

COM QUAIS ÓCULOS VOCÊ LÊ A BIBLIA?

 

“Imediatamente caíram dos olhos de Saulo umas coisas parecidas com escamas, e ele voltou a ver. A seguir levantou-se e foi batizado.”(At 9.18)

Alguns leem a Bíblia com os óculos fundamentalista, literalista e conservador. Fazem recortes para utilizar os textos em defesa da sua visão de mundo. Os textos bíblicos são então, usados para condenar aqueles que pensam ou agem de forma diferente deles.

Mas a Bíblia é um conjunto de livros antigos. Pode conter 66 livros, na versão protestante ou evangélica e 73 na versão católica. Eles cobrem um período cronológico de 1500 anos. Possuem vários estilos literários e 40 autores de regiões, cultura e costumes diferentes.

Como ler e interpretar esse conjunto de livros antiguíssimos e diferentes entre si, sem levar em conta o contexto histórico, cultural e linguístico? Quando você usa os óculos contextualista, cultural e linguístico, os textos não são usados para condenar, mas para derrubar as escamas preconceituosas dos seus olhos.

Paulo, quando perdeu as escamas dos seus olhos se converteu á Jesus de Nazaré e recuperou sua humanidade. Se converteu às pessoas. Se converteu á missão de propagar o amor a todas as pessoas.

Rev. Ezequiel Luz

Pastor da IPI do Brasil