Domingo é o dia de culto por excelência. Mas desde os primórdios, a igreja passou atribuir a certos domingos uma conotação especial. É o caso do domingo da Páscoa, que segundo alguns, originou o ano litúrgico ou cristão. Hoje é também um domingo especial, pois somos chamados a recordar a transfiguração de Jesus. Uma revelação da gloria de Deus escondia na encarnação de seu Filho.
Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João e os leva para um monte. Diante dos três discípulos transfigura-se: seu rosto e sua roupa se tornam alva, brilhante como a luz do sol. Com ele conversam Moisés (representando a lei) e Elias (representando os profetas). A conversa demonstra a importância do testemunho de todos aqueles que nos precederam. Uma voz vinda do céu revela que Jesus é o filho de Deus a quem eles deveriam ouvir. Os apóstolos enchem-se de medo e espanto. Pedro, maravilhado com a glória do Senhor, quer ficar. Naquele momento, os três discípulos puderam provar um pouco do céu. E, como voltar diante de tamanha maravilha? Mas Senhor ensina que é necessário descer a montanha. É necessário ir ao vale, ir aos homens para mostrar-lhes a glória experimentada.
Aprendemos que o culto acontece no encontro dos cristãos que pelo poder do Espírito Santo se transforma em lugar da presença de Cristo. Quando nos reunimos no domingo é a consciência da presença de Cristo que dá sentido ao nosso culto. Encontramos-nos para desfrutar da glória de Cristo. Isto é maravilhoso. E muitas vezes somos tentados a permanecer no conforto daquele momento em que a presença de Deus é uma experiência inexplicável.
Agora, só conhecemos o episódio da transfiguração porque os discípulos no-lo contaram através dos relatos do Evangelho. Partilharam sua experiência e esta permanece ao longo dos séculos. Por esta razão é que o desejo de Pedro de permanecer naquele lugar não pôde ser atendido. O Senhor pede também a cada um de nós que desçamos do monte e com coragem compartilhemos com a humanidade a sua glória.
Transfigurar-se é, sobretudo, transformar-se. E essa transformação é fundamental para o período de Quaresma que iniciaremos a partir do próximo domingo. Na Quaresma somos instigados ao perdão, a reconciliação, a mudança de coração endurecido para coração amoroso, a substituir a morte pela vida. Isto só é possível na comunhão com outros cristãos, na convivência com outros seres humanos.
Assim sendo o nosso culto se dá em dois lugares. No domingo, quando estamos no monte, diante da presença de Deus, adorando-o e ouvindo sua palavra. Durante a semana, quando estamos no vale, diante dos seres humanos por quem Cristo morreu, testemunhando a sua gloria, seu amor e seu perdão. Amém!
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz