MEUS PARCEIROS

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

ANO NOVO COM O “WIKILEAKS”

“Os olhos do SENHOR estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons”( Pv 15.3)

Dentre os fatos marcantes ocorridos no ano de 2010, o que mais me chamou a atenção foi o vazamento das conversas confidenciais de diplomatas americanos através do site denominado “WikiLeaks”. Em pouco tempo o australiano Julian Assange, criador do site, se transformou em uma celebridade mundial. Wiki, que significa rápido no idioma polinésio falado no Havaí, dá nome a um programa de computador que facilita a colaboração de internautas na construção de páginas divulgadas pela rede. Leaks é o plural da palavra inglesa para vazamento. Pois foi exatamente a colaboração de dois militares americanos que permitiu o rápido vazamento de 250 mil mensagens enviadas a Washington por embaixadores. A divulgação destes textos provocou sérios constrangimentos para a diplomacia americana.
Mais interessante ainda é observar que a mesma imprensa que advoga para si liberdade absoluta de expressão, afirma que o domínio das técnicas de arquivamento digital de documentos e a divulgação dos mesmos pela rede de computadores dá ao “WikiLeaks” um poder desmesurado, desmedido, excessivo, exagerado, abusivo. Tanto a imprensa, com o seu poder soberano, quanto o “WikiLeaks” não levam em conta a liberdade de expressão e a privacidade do cidadão. O que vale é o resultado econômico, o sucesso, sem se importar com pessoa humana exposta. Lembro-me de uma época no Brasil em que evitávamos fazer qualquer comentário de cunho político na sala de aula, por medo de ser delatado por algum informante da polícia infiltrado em nosso meio. Hoje vivemos uma democracia que não é mais vigiada pelos órgãos de repressão política, mas sim pela liberdade de expressão desmesurada da imprensa e da mídia digital.
Agora que entramos em um novo ano precisamos admitir a existência do wikileaks divino. A Bíblia ensina que Deus conhece todos os nossos caminhos e eles estão arquivados na memória dos seus computadores. A cada dia mais e mais informações confidencias sobre nossos pecados e mazelas são acrescentadas aos arquivos. A diferença é que ninguém tem acesso a eles e Deus não pretende usá-los para nos destruir, difamar, prejudicar ou obter vantagens econômicas. O que Ele deseja é que sinceramente nos arrependamos e busquemos o seu perdão. Quando isso acontece Jesus Cristo, usando o seu sangue como senha, entra no wikileaks divino e deleta todos os nosso pecados.
Portanto ao iniciar o ano de 2011 faça uma retrospectiva de sua vida. Confesse ao Senhor todos os seus pecados e pela fé aceite o perdão que Ele te oferece. Assim, crendo no amor, no perdão e na misericórdia de Deus você poderá viver neste novo ano sob a vigilância do wikileaks de Deus sem temor algum. Isso é graça, é favor imerecido. Amém!

Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

PAZ PARA TODOS

“Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação” (Is 52.7).

Neste final de ano ouvimos muito falar em UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) em função da invasão policial da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão no Rio de Janeiro. As UPPs fazem parte da estratégia de ocupação das favelas cariocas e do combate ao crime organizado. É uma política de segurança pública para facilitar a atuação do governo, na tentativa de pacificar áreas de conflitos, onde marginais e traficantes dominam a população com violência e se refugiam em locais de difícil acesso. A proposta é levar a paz para todos os moradores da Cidade Maravilhosa e, a partir dessa experiência, para todo o Brasil.

No entanto soa um pouco estranho falar em paz para todos os cariocas, para todos os brasileiros, para todos os habitantes da terra. Diariamente ouvimos notícias sobre guerras, conflitos armados, brigas, intrigas em diversos lugares do mundo. Mas mesmo parecendo estranho concordamos com profeta Isaías quando afirma ser “bonito ver um mensageiro correndo pelas montanhas, trazendo notícias de paz, boas notícias de salvação” (Is 52.7).

Aqui vale fazer uma distinção entre paz aparente e paz real. A primeira pode ser encontrada em uma favela que vive sobre a proteção de uma UPP, em uma pequena cidade do interior com vida tranquila e mansa, em uma nação que não está em guerra, em uma família que vive em harmonia e se dá bem com os vizinhos. A segunda não tem espaço geográfico e não depende de circunstâncias, ela pode acontecer em qualquer lugar e em qualquer situação. A paz proposta pelo profeta Isaias ao povo de Deus que vivia no exílio é real e está atrelada ao nascimento do messias. A cidade de Jerusalém estava arrasada. Em meio aos escombros da Cidade Santa, os filhos de Deus poderiam cantar louvores. Isto porque Israel, mesmo oprimido, tinha como aliado a promessa de paz com Deus centrada no Salvador prometido.

Hoje no Natal nos lembramos que a paz em Cristo é definitiva e está acima de qualquer preocupação. Não há relações pessoais, familiares, guerras, violência, corrupção ou maldade que possam impedi-la. Também não há ninguém que possa concedê-la. Somente Jesus através do perdão de nossos pecados. Esta é a paz real que vem da manjedoura, que vem de Belém, que vem do Natal. A paz real que foi anunciada por um coro angelical: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens”.

Natal é paz real hoje e sempre para todos os que crêem. Amém!


Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

SINAL FECHADO

Foi no Natal do ano passado. O sinal fechou e Flávio parou o carro. Logo viu que se aproximava um menino. Daqueles que costumamos ver nas esquinas e sinais e com os quais, todavia, não nos acostumamos. Sua primeira reação foi fechar o vidro do carro. Sentimentos como medo e insegurança o incomodaram. Justo no Natal, quando batem os sinos pequeninos de Natal proclamando a paz na terra, este menino se aproxima.

A surpresa, no entanto, veio quando este menino, franzino, bateu no vidro com os dedos e desejou um Feliz Natal. E foi embora! Só isso... não pediu moeda e nem quis vender nada, nem se ofereceu para lavar o vidro. Flávio engoliu em seco, o sinal abriu e o carro que estava atrás buzinou porque tinha pressa. E Flávio seguiu... e o menino ficou. Um foi e outro ficou pela vida.

Dias depois conversávamos a respeito, e a inquietação de Flávio e seu sentimento incômodo diante do acontecido tornaram-se meus também.

Passado quase um ano, e outro Natal se aproxima. Momento que convida a olhar para a vida, em torno da pequena manjedoura que acolhe, em meio à palha simples, o sinal maior do amor de Deus. O Deus menino vem até nós e, singelo, bate no vidro que nos separa, buscando desejar a bênção da vida. E nós nos fechamos porque temos medo do que pode significar este encontro. Olhar nos olhos e perceber no outro a humanidade.
A pressa da vida, o sinal que abre e a urgência daqueles que vêm atrás de nós nos impedem de ouvir o desejo expresso em palavras simples. São desculpas porque, afinal, não temos tempo, temos medo.

Não sei se aquele menino continua naquele sinal, não sei o que dele foi feito neste ano que passou. Sei sim o que Deus fez por mim e os caminhos pelos quais me conduziu.

Também sabemos, Flávio e eu, que se neste Natal um menino de nós se aproximar não vamos fechar o vidro e virar nosso olhar. Nem permitir que a pressa do outro nos impeça de ouvir o desejo de um Feliz Natal que o menino nos diz. Vamos olhar nos olhos e agradecer, quem sabe retribuir o desejo deixando ali tudo, menos o sentimento incômodo de abandono e rejeição a quem não foi compreendido. Quiçá possa Deus nos permitir a graça do encontro singelo com o Deus menino mais uma vez e, tendo ouvido sua voz, possamos dar graças pela vida que Dele temos recebido.


Martin Bruno François
Pastor luterano na Paróquia Leste (São Paulo)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O VALOR DA BÍBLIA

“Tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes” (1Ts 2.13)


 Há uma história anônima, que ilustra muito bem o valor que a Bíblia possui. Certo homem muito rico chamou, no dia de seu aniversário, todos os seus criados. Colocou-os a sua frente: o motorista, o jardineiro, a cozinheira, a arrumadeira e o contínuo. Disse-lhes que ao invés de receber ele gostaria de dar um presente a cada um deles. Então lhes perguntou:

─ O que vocês preferem? Esta Bíblia ou este valor em dinheiro?

O motorista disse que gostaria de receber a Bíblia, mas como não aprendeu a ler o dinheiro lhe seria mais útil. O jardineiro afirmou que sua esposa estava muito doente e quer por isso preferia o dinheiro, em outra circunstância aceitaria, sem dúvida, a Bíblia. A cozinheira respondeu dizendo que sabia ler, mas não tinha tempo nem para folhear uma revista, por isso ficaria com o dinheiro. A arrumadeira informou que já tinha uma Bíblia e que, portanto, preferia o dinheiro. Chegou à vez do contínuo, o menino de recados. O patrão sabendo de sua necessidade se adiantou:

─ Certamente você também prefere o dinheiro para comprar um par de sapatos novos.

─ Muito obrigado pela sugestão, Senhor. De fato estou precisando muito de um calçado novo, mas vou preferir a Bíblia. Minha mãe me ensinou que a Palavra de Deus é mais desejável do que o ouro.

Ao receber a Bíblia, o menino feliz abriu-a e nisso caiu aos seus pés uma moeda de ouro. Virando as páginas do Livro Sagrado, outros valores em notas foram surgindo. Então os outros criados perceberam o erro que cometeram e envergonhados deixaram o recinto.

Hoje é o Dia da Bíblia. Esta data surgiu em 1549, na Grã-Bretanha, quando o Bispo Cranmer, incluiu no livro de orações do Rei Eduardo VI um dia especial para que a população intercedesse em favor da leitura do Livro Sagrado. A data escolhida foi o segundo domingo do Advento. No Brasil, o Dia da Bíblia passou a ser celebrado em 1850, com a chegada dos primeiros missionários evangélicos que aqui vieram semear a Palavra de Deus.

No entanto, não se descobre o valor da Bíblia apenas no segundo domingo de dezembro, mas sim abrindo-a, como fez o menino da historia e lendo-a diariamente. Para que a Bíblia tenha de fato valor ela precisa ser ouvida. Ouvimos quando dedicamos tempo para ler e meditar em suas palavras. A Bíblia também precisa ser aceita com como Palavra de Deus para nós hoje. Isso significa que ela se reveste de autoridade divina e, portanto, deve ser obedecida. E ainda, a Bíblia tem valor quando é eficiente, isto é, quando opera em nós os propósitos eternos de Deus.

Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

ADVENTO E JUSTIÇA

“Mas com justiça julgará os necessitados e defenderá os direitos dos pobres” (Is 11.4)


O Rio de Janeiro viveu um intenso clima de guerra. A reportagem dos jornalistas  Ronaldo Soares e Roberta de Abreu Lima da revista Veja começa com a seguinte frase: “A batalha do bem contra o mal foi mais uma vez travada no Rio de Janeiro – agora com tintas de Amargedon”. A leitura do texto nos remete a uma visão maniqueísta e triunfalista. Imaginar que  a violência que veio sobre o Rio nos últimos dias faz parte da guerra entre o bem, representado pelas forças públicas de segurança, e o mal, personificado pelos traficantes, é ignorar a natureza humana. Também achar que esta batalha é final e que agora será construído um novo céu e uma nova terra no Rio de Janeiro é desconsiderar a história. Por meio dela sabemos que muitas ações contra uma determinada situação, com o passar do tempo adota o mesmo padrão que antes se condenava.


Claro que temos que aplaudir a ação enérgica do estado contra o crime e toda a ação visando estabelecer condições de vida com paz e justiça nas comunidades cariocas. Só não podemos achar que tudo está resolvido. Foram anos e anos de resignação do Estado e de um relacionamento promiscuo e espúrio entre autoridades e os bandidos. A ficção “Tropa de Elite II” mostra como é possível a convivência da Segurança Pública e o crime organizado com a finalidade de manter o poder em determinada área metropolitana. O sonho de justiça plena, de paz entre as pessoas, de amor e solidariedade sempre esbarra nas limitações humanas imposta pelo pecado. Mas constatar esse fato não pode nos roubar o direito de sonhar.

A igreja que lê as Escrituras com os olhos voltados para a realidade  faz periodicamente uma releitura e encontra motivos para sonhar com um mundo marcado pela justiça. As profecias encontradas em Isaias 11 nos falam de um descendente de Davi, que sob a direção do Espírito Santo julgaria não com base na aparência ou em ouvir dizer, mas com base no conhecimento e na sabedoria. Julgaria  com justiça o necessitado e defenderia os direitos dos pobres. Com justiça e honestidade governaria o seu povo e até os animais conviveriam harmoniosamente.

A Igreja, neste momento, se prepara para dois adventos. Primeiro festeja o nascimento de Jesus, o descendente de Davi profetizado por Isaias. Segundo renova a esperança no estabelecimento do Reino de Deus sobre todos os povos. Vivemos o período entre o advento da manjedoura, que já veio  e o advento da justiça plena, que ainda não se concretizou. Durante este período devemos proclamar que o mundo não está entregue a sua própria sorte. Um futuro de justiça e paz nos aguarda. Ele não será implantado pela força das armas, mas pela força do amor de Deus pela humanidade.
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz