MEUS PARCEIROS

sexta-feira, 25 de março de 2011

A SANTIDADE DA ESPERA

“E também nos alegramos nos sofrimentos, pois sabemos que os sofrimentos produzem a paciência, a paciência traz a aprovação de Deus, e essa aprovação cria a esperança” (Rm 5.3-4).

Quem já visitou a cidade de Maringá, no Paraná deve ter observado com admiração os semáforos de “contagem regressiva”. À medida que o tempo passa a luz vermelha superior vai descendo até chegar ao encontro da luz vermelha de baixo. Nesse instante, o sinal abre e a luz verde superior realiza o mesmo processo até encontrar a luz verde de baixo. Isso é muito bom para que os motoristas tenham uma noção do tempo que falta para o sinal abrir. Ou, vendo do lado negativo, para saber o quanto os motoristas devem acelerar para passar o sinal verde antes que ele feche.

O semáforo de contagem regressiva foi criado por uma simples razão: os motoristas não sabem ou não querem esperar. Esse é um exercício difícil em qualquer área da vida. Via de regra, a impaciência surge nos momentos mais cruciais da vida, quando queremos logo a solução para os nossos problemas. Mas a espera faz parte do processo do nosso amadurecimento espiritual.

Por não sabermos esperar é comum, em nossos dias, ouvirmos pregadores oferecendo tudo o que Deus pode fazer a nosso favor: cura das enfermidades, libertação da opressão e do sofrimento, prosperidade, segurança e proteção. Pouco ou nada se fala sobre o custo do discipulado cristão, sobre as fronteiras de nossa obediência ou sobre o resultado do sofrimento. Parece que o único compromisso de Deus é proporcionar-nos felicidade, livrar-nos da espera e solucionar os nossos problemas com rapidez.

Mas a Bíblia mostra os apóstolos se regozijando por terem sido dignos de sofrer por causa do nome de Jesus (Atos 5.41). Também somos alertados de que todos os que querem obedecer a Jesus serão perseguidos (2Tm 3.12). Tiago corrobora com esse ensino ao dizer que devemos considerar como motivo de grande alegria o passar por diversas provações. Só os verdadeiros cristãos estão prontos a sofrer por causa de seu chamado. Não se desesperam diante do sofrimento, sabem esperar com paciência o tempo de Deus. Creem que quando Deus faz uma ferida, ele também providencia a cura.

Deus não tem prazer em nosso sofrimento, mas o sofrer faz parte do nosso discipulado. Imagine se Deus resolvesse tudo muito rápido, se ele não nos fizesse esperar. Acharíamos tudo muito fácil. Não aprenderíamos a ter paciência, nem o valor da perseverança. Assim nunca avançaríamos para o alvo de ter um caráter igual ao de Jesus Cristo.

Em nossa caminhada cristã muitas vezes teremos que parar diante o semáforo vermelho. Essa parada serve para refletirmos em nosso compromisso com Deus, serve para produzir paciência. Mas quando Deus acender a luz verde, então é hora de avançar. Nessa caminhada devemos ser firmes na graça e nos alegramos na esperança de participar da glória de Deus.

Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

sexta-feira, 18 de março de 2011

DIGA NÃO AS USINAS NUCLEARES

“O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra” (Sl 121.2)

Na sexta-feira, dia 11 de março fomos impactados com o noticiário dando conta de que um forte terremoto de magnitude 8,9 atingiu a costa nordeste do Japão, gerando um tsunami de até dez metros de altura. O abalo provocou uma onda gigante que avançou vários quilômetros por terra e ultrapassou os diques de proteção. Carros, barcos, casas foram arrastados. As imagens transmitidas pela TV eram estarrecedoras. O tremor foi o 7º pior na história, e também o pior na história do Japão.

Depois da perplexidade diante dos estragos causados pela tragédia, surgiram várias manifestações de pesar e ações solidárias em diversas partes do mundo. Agora as preocupações se voltam para a questão nuclear. O Japão precisa de usinas atômicas porque não tem recursos hídricos e nem petrolíferos para produzir energia elétrica. No entanto, a usina nuclear de Fukusima, no lestes do país, foi atingida severamente aumentando o risco de vazamento radioativo. No local, houve quatro explosões e dois incêndios em quatro reatores. Os níveis de radiação ficaram muitos altos e deixaram a comunidade internacional alerta.

Já ocorreram vários acidentes nucleares no mundo. O mais grave foi o da usina de Chernobyl, na Ucrânia. Tais usinas, também conhecidas com bombas-relógio, são na verdade o resultado de uma precipitação da ciência. Inicialmente lançadas como solução definitiva para a crise de energia, demonstraram depois que trazem mais malefícios do que vantagens. Países da  comunidade européia que pretendiam ampliar e acelerar seus projetos nucleares, colocaram o pé no freio depois da tragédia no Japão.

Muitas pessoas estão fugindo para longe da área de radiação e outras procurando abrigos nucleares. Especialistas alertam de que não existem abrigos totalmente seguros. Em casos como estes a insegurança das pessoas é acentuada porque não sabem de onde virá o socorro. O salmista fala no socorro que vem do Senhor. Que ele não dorme. Está sempre alerta. Quando necessitamos do alívio de uma sombra no caminhar escaldante da vida, o Senhor sempre está presente. Por exemplo, quando o povo saiu do Egito foram amparados por Deus através de nuvem de dia e uma coluna de fogo à noite (Ex 13.21-22). Hoje somos amparados através de Jesus Cristo e do Espírito Santo. Sentimo-nos seguros diante das diversas circunstâncias da nossa vida diária e das investidas de Satanás.

Mas a confiança de que o nosso socorro vem do Senhor não deve nos imobilizar. Ao contrario. Exatamente porque temos a garantia em Cristo de que o Senhor nos guarda é que devemos enfrentar toda forma de antivida. Como cristãos devemos manifestar nossa posição favorável a vida e contrária a proliferação de usinas nucleares. Deus deu inteligência ao homem para encontrar outras fontes de energias que não coloquem em risco a vida humana. Então diga sim a vida. Diga não a usinas nucleares.

Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel luz

sábado, 12 de março de 2011

O INVESTIMENTO DE DEUS

“Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida” (Rm 5.18).

Somos imediatistas! Vivemos o hoje, o agora. O que aconteceu ontem não mais interessa. É passado. Mais tarde, quem sabe, faça parte do interesse de algum historiador maluco.  Essa atitude anti-histórica tem dominado boa parte da Igreja evangélica de hoje. Há uma busca intensa por novidades. Qualquer coisa que cheira a passado é rejeitada e algumas são chamadas de “coisa de católico”. Por causa do imediatismo e do espírito anticatólico, somos uma igreja que sofre de anamnese, sem memória, sem lembranças e muitas das belas tradições cristãs são abandonadas.

Hoje quero trazer a memória uma dessas tradições. A quaresma. Um tempo litúrgico valiosíssimo para fé e que precisa ser resgatado. A palavra quaresma é usada para designar o período de quarenta dias que antecede a maior celebração do cristianismo: a ressurreição de Jesus Cristo. Inicia-se na quarta-feira de cinzas e termina na Semana Santa. A cor litúrgica usada é o roxo que representa a realeza, arrependimento e sofrimento. Um tempo litúrgico usado para refletir sobre o sacrifício de Cristo em favor da humanidade, sobre o compromisso da fé e também para arrependimento, perdão, jejum e oração. A partir do final do século terceiro a igreja começou a reservar um período de preparação antes da celebração da Páscoa. Oração, jejum, reflexão, instrução para aqueles que seriam batizados faziam parte dessa preparação e a ela foi dada o nome de quaresma. Portanto esse período litúrgico já era observado antes de existirem católicos e protestantes.

Nas próximas semanas seremos convidados a considerar de modo especial o investimento de Deus, por meio de Cristo, para que nos tornássemos seu povo. O ensino apostólico é de que o pecado de um só homem fez de toda a humanidade inimiga de Deus. Para que houvesse reconciliação, Deus empenhou o que tinha de mais precioso: seu próprio filho, permitindo que ele fosse levado a cruz. Com o ato de justiça de um só homem veio a salvação a todos. A cruz é o caminho que permite o restabelecimento da comunhão com Deus.

Apóstolos, mártires, líderes cristãos do passado e do presente abriram mão do sucesso e de vantagens por uma questão de fidelidade ao Senhor. Hoje, muitos cristãos humildes dão provas de sua fé, de seu amor a Deus e ao próximo, no dia-a-dia, nas pequenas e nas grandes coisas, sem grandes alardes. Você é um deles? Quaresma é isso. Um tempo para avaliarmos as conseqüências do pecado, de nossas atitudes imediatistas, individualistas e preconceituosas. Um tempo de arrependimento, de renovação.

Deus já investiu pesado em nossa salvação. E agora é a nossa vez de investir no Reino de Deus. Aproveite a quaresma para refletir e renovar o seu compromisso com o caminho missionário de Deus.


Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

sábado, 5 de março de 2011

A MULHER E O CARNAVAL

“Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de finas jóias”. (Pv 31.10)

De quando em vez a imprensa publica artigos, reportagens e entrevistas sobre os abusos e violências cometidos contra a mulher nos países árabes. São mulheres sem rosto, sem voz, sem desejo, sem vontade própria. São apenas consideradas como propriedade dos homens. Diante dessas publicações manifestamos nossa indignação. Mas o que dizer da cultura brasileira? Como a mulher é vista e tratada durante os festejos do carnaval?

Um reporter pergunta a um transeunte sobre o que significa carnaval para ele. “Mulher, muita mulher bonita e gostosa”, responde o homem. É assim que a mulher é vista e tratada no carnaval. Ela existe apenas para alegrar, satisfazer  e se submeter aos desejos do homem. Ela é tratada como objeto disponível para uso. No Brasil, para que um programa de televisão ganhe alguns pontos no Ibope basta colocar algumas mulheres seminuas em poses sensuais que o sucesso é garantido.

Via de regra, as mulheres são para os homens, crianças, adolescentes, namoradas, esposas e, com o passar dos tempos, após muitas dificuldades juntos, companheiras ou ex-mulher. As mulheres, por serem mais sensíveis, sabem como apoiar os homens nos momentos de desemprego, de fracasso, após um negócio frustrado, etc. Elas sabem o que faz os homens sentirem-se prestigiados, honrados, mesmo quando todos os têm por derrotado. Essa sensibilidade é algo que Deus colocou na essência da mulher. Para ser valorizada ela não precisa se submeter à tirania do corpo perfeito e muito menos ir para a avenida seminua sambar.

A mulher chama atenção por sua sensibilidade, seu caráter, sua firmeza, sua garra e pelas suas virtudes internas e não externas. Por esta razão o apóstolo compreendendo a alma da mulher disse: “Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade...” Por frágil, devemos entender que a mulher, em qualquer idade ou papel social, é mais sensível que o homem. Não significa fraqueza, porque ela é capaz de ações que os homens jamais suportariam.

A exposição a que é submetida a mulher em nosso país durante o carnaval é tão abusiva e o violenta quanto o tratamento recebido pelas mulheres árabes. Nós precisamos refletir, pelo menos uma vez por ano, sobre a feminilidade e sobre os estragos emocionais que temos causado pelo desconhecimento e ignorância de como são as mulheres. Portanto ao comemorar mais um dia internacional da mulher precisamos refletir sobre como a cultura, carnavalesca ou não, trata a mulher brasileira.

Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz