“Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida” (Rm 5.18).
Somos imediatistas! Vivemos o hoje, o agora. O que aconteceu ontem não mais interessa. É passado. Mais tarde, quem sabe, faça parte do interesse de algum historiador maluco. Essa atitude anti-histórica tem dominado boa parte da Igreja evangélica de hoje. Há uma busca intensa por novidades. Qualquer coisa que cheira a passado é rejeitada e algumas são chamadas de “coisa de católico”. Por causa do imediatismo e do espírito anticatólico, somos uma igreja que sofre de anamnese, sem memória, sem lembranças e muitas das belas tradições cristãs são abandonadas.
Hoje quero trazer a memória uma dessas tradições. A quaresma. Um tempo litúrgico valiosíssimo para fé e que precisa ser resgatado. A palavra quaresma é usada para designar o período de quarenta dias que antecede a maior celebração do cristianismo: a ressurreição de Jesus Cristo. Inicia-se na quarta-feira de cinzas e termina na Semana Santa. A cor litúrgica usada é o roxo que representa a realeza, arrependimento e sofrimento. Um tempo litúrgico usado para refletir sobre o sacrifício de Cristo em favor da humanidade, sobre o compromisso da fé e também para arrependimento, perdão, jejum e oração. A partir do final do século terceiro a igreja começou a reservar um período de preparação antes da celebração da Páscoa. Oração, jejum, reflexão, instrução para aqueles que seriam batizados faziam parte dessa preparação e a ela foi dada o nome de quaresma. Portanto esse período litúrgico já era observado antes de existirem católicos e protestantes.
Nas próximas semanas seremos convidados a considerar de modo especial o investimento de Deus, por meio de Cristo, para que nos tornássemos seu povo. O ensino apostólico é de que o pecado de um só homem fez de toda a humanidade inimiga de Deus. Para que houvesse reconciliação, Deus empenhou o que tinha de mais precioso: seu próprio filho, permitindo que ele fosse levado a cruz. Com o ato de justiça de um só homem veio a salvação a todos. A cruz é o caminho que permite o restabelecimento da comunhão com Deus.
Apóstolos, mártires, líderes cristãos do passado e do presente abriram mão do sucesso e de vantagens por uma questão de fidelidade ao Senhor. Hoje, muitos cristãos humildes dão provas de sua fé, de seu amor a Deus e ao próximo, no dia-a-dia, nas pequenas e nas grandes coisas, sem grandes alardes. Você é um deles? Quaresma é isso. Um tempo para avaliarmos as conseqüências do pecado, de nossas atitudes imediatistas, individualistas e preconceituosas. Um tempo de arrependimento, de renovação.
Deus já investiu pesado em nossa salvação. E agora é a nossa vez de investir no Reino de Deus. Aproveite a quaresma para refletir e renovar o seu compromisso com o caminho missionário de Deus.
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz
4 comentários:
Creio que o que vc queria dizer era amnésia e não anamnese, certo ?
Dr Eneas! É uma alegria poder ter esse contato contigo, mesmo sendo virtual. Obrigado por sua observação, mas usei anamnese no sentido de lembrança pouco precisa; reminiscência, recordação. Também poderia usar amnésia que tem o sentido de perda total ou parcial da memória. Abraços
Pastor Ezequiel. Obrigada por este texto.Estava eu já tão envolvida com ovos de Páscoa e, com o possível enfeite da casa assim como a chegada de visitas que, ao ler o que escreveste, me dei conta do que mais importa. Minha comunhão com Deus. Nossa comunhão!
És certamente um ótimo mensageiro.
Que Jesus o acompanhe sempre.
[JOCEANE]
Obrigado por seu comentário Joceane. Desejo que você a cada dia desfrute da comunhão Deus. Abraços com saudades.
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