“Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, (...) como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm 1.16-17)
Quando estou em um shopping, supermercado, rodoviária, aeroporto ou no centro de uma grande cidade procuro, sempre que possível, visitar as livrarias. Corro meus olhos pelos livros expostos logo na entrada, que são os mais procurados, e fico perplexo. Sempre há uma boa quantidade de bíblias e livros evangélicos. Há alguns anos isso era impensável, mas hoje é um sinal do crescimento evangélico em nosso país. No entanto, diante de tanta exposição, fico me perguntado se a fé evangélica que temos hoje é a mesma de antigamente ou se ela precisa passar por algum processo de purificação ou reforma.
Na mesma época do “achamento” do Brasil, como diz a carta de Pero Vaz de Caminha, um homem tem uma experiência marcante ao ler um verso de Romanos, capítulo primeiro e descobre uma fé viva em Deus que lhe parecia distante. Esse homem é um monge agostiniano, chamado Martinho Lutero, que impactado por essa fé, resolve denunciar os desvios e exageros da igreja de sua época. No dia 31 de outubro de 1517, na catedral de Wittemberg, divulga suas 95 teses. Inicia-se, assim, o movimento da Reforma Protestante do século XVI, cujo impacto chegou até nós no século XXI. Lutero foi perseguido por suas idéias, mas influenciou sua geração e mudou a compreensão do cristianismo para além do seu próprio tempo. Lutero não era perfeito. Cometeu erros no processo, como todos os que buscam algo novo. Mas ele tinha coragem, fibra e garra.
Hoje, a época que nos vivemos é chamada por alguns de pós-modernidade. Uma de suas características mais aparente é a falta de disposição para assumir compromissos. Não se fixar a uma relação afetiva, a uma ideologia política, a um grupo de interesse, a uma instituição religiosa são posturas contemporâneas. A adesão a fé é meramente mercantil e interesseira. A frequência às reuniões da igreja é estimulada pelo desejo de obter sucesso profissional, prosperidade, cura física e emocional. Não importa o conteúdo dessa fé, ela tem que produzir resultados.
O mundo e a igreja de nossos dias precisam de pessoas como Lutero. Pessoas que possuídas por uma fé genuína, acreditam, ousam, pensam e amam a Deus acima de qualquer coisa. Reformadores conectados com um mundo em constantes mudanças e que não têm preguiça de estudar, de ir além, de questionar seu tempo e confrontá-lo com as Escrituras. Pessoas fiéis a Jesus e verdadeiramente transformadas pelo Espírito Santo. Pessoas conscientes da atualidade, da urgência e da necessidade do poder transformador do evangelho.
Hoje, ao comemorarmos mais um ano da reforma, minha oração é que o mesmo Espírito Santo que agiu na vida de Lutero e o levou a influenciar com o evangelho a sua geração, venha sobre você também e o leve a reformar a fé cristã de nossos dias. Amém!
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz