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sábado, 22 de outubro de 2011

DEIXANDO A BARBA DE MOLHO

“A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai, nem o pai, a iniqüidade do filho” (Ez 18.20)

 Algumas pessoas do meu círculo de amizade, quando me encontram, olham para mim por alguns instantes, e comentam: “Ah! Que barba é essa?” Outros dizem: “Pastor, essa barba lhe caiu bem”. Ou então: “Gostei. O senhor fica bem de barba”. Mas alguns são diretos: “Pastor! Que barba horrível!” “Essa barba lhe envelhece muito”. “Por favor, pastor, tire essa barba!”. Para evitar a insegurança que o julgamento dos outros produzem, me apego aos que me são mais próximos – esposa e filhos. Como para eles estou bem, isso me basta. É como se eles fossem também responsáveis pela minha decisão. Mas preciso deixar minha barba de molho, porque a Bíblia ensina que cada pessoa é responsável pelos seus atos.

Lembro-me de uma época que no meio evangélico, muitos líderes ensinavam que os filhos recebem sobre si o castigo do pecado cometido pelos seus pais. Esse ensino (que ainda hoje tem muitos adeptos) ficou conhecido como “maldição hereditária”. Muitos atendiam a exortação de se procurar justificativa para os problemas da vida no passado dos familiares. Depois era só fazer uma oração de quebra de maldição e pronto. Tudo ficava resolvido.

Mas a idéia de uma maldição hereditária trás pelo menos dois perigos. Primeiro, ela me leva a julgar fatos, acontecimentos da vida, pessoas e situações sem levar em conta verdades do evangelho como amor, graça, perdão e misericórdia. Segundo, é que a imagem de Deus construída a partir desse pensamento é terrível. Imagine você no meio de uma situação triste e dolorosa tendo que ouvir alguém dizer: “Meu irmão, Deus te colocou nessa situação por causa dos pecados dos teus pais. Você está debaixo de uma maldição hereditária”. Será que Deus é tão cruel assim? Quem pensa dessa maneira ignora que a vida pertence a um Deus Soberano que tem diante de si o meu passado, presente e futuro.

Houve, sim, na antiguidade bíblica pecado cometido por uma pessoa cuja conseqüência recaiu sobre todo o povo, ou sobre uma tribo, ou família. Mas a partir de Ezequiel 18 a responsabilidade passou a ser individual: “a alma que pecar essa morrerá”. Hoje nenhuma pessoa está apta a pagar pelos pecados alheios. Somente Jesus Cristo é que pagou o preço do pecado de outros. Ele se fez maldição por nós e nos livrou de toda a maldição. Agora em Cristo sou livre, e todos os meus atos devem ser na direção do serviço a Deus e do serviço ao próximo.

Ponha você também sua barba de molho, isto é, fique atento, esperto, use sempre o bom senso.  Você pode até apoiar-se na opinião dos familiares para tomar decisões. Mas deve sempre assumir a responsabilidade pelos seus atos. Você não responde pelos erros dos seus pais e nem seus filhos irão responder pelos seus.

Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz


Um comentário:

Pastor na net disse...

Ótima reflexão. Gostei muito, e pode deixar a barba, na minha opinião ficou legal.