“Apareceu João Batista no deserto, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados” (Mc 1.4)
Todos que amam a criação de Deus, ambientalistas ou não, ficaram indignados com o vazamento de óleo da plataforma operada pela petroleira americana Chevron, na Bacia de Campos no estado do Rio de Janeiro. Ficaram mais indignados ainda, quando a imprensa divulgou suspeita do governo brasileiro de que a Chevron, sem permissão da ANP, tentava atingir a camada mais profunda do pré-sal. E foi essa tentativa que provocou o vazamento. A segunda maior empresa petrolífera dos EUA foi punida com rigor. Consciente de seus erros a empresa se comportou de maneira passiva. “O presidente da Chevron Brasil Petróleo, George Buck, resumiu-se a pedir desculpas ao povo brasileiro e a dizer que a empresa acatará todas as decisões do governo”. Mesmo assim, ela não demonstra disposição de produzir frutos dignos de arrependimento.
Este segundo domingo de Advento faz uma referência a João Batista. Um judeu, precursor de Jesus que, no inicio do primeiro século da nossa era, pregou intensamente o "batismo de arrependimento para o perdão dos pecados" (Mc 1.4). Batizou muitas pessoas, incluindo Jesus, no Rio Jordão. No entanto as origens do seu batismo são difíceis de traçar. Possui semelhanças e diferenças em relação as obrigações e exigências feitas pelos judeus aos gentios novos convertidos, e possui também, o ritual do banho para purificação de todas as impurezas do passado. Ao exigir a submissão ao batismo, João colocava os judeus no mesmo nível dos gentios. Todos eram impuros e necessitados de arrependimento.
João correu o risco de ser fiel ao chamado divino. Abriu mão de tudo que significava segurança, proteção e conforto. Pregou com coragem e terminou sua trajetória sendo preso e condenado a morte. Admiramos a coragem, a humildade, o desprendimento de pessoas assim. Mas temos que confessar que não conseguimos imitar-lhes os passos. Tudo indica que os cristãos fizeram uma adaptação do batismo de João. O batismo cristão é símbolo do nosso redirecionamento na vida, do nosso arrependimento em relação a nossa velha maneira de viver. Mudamos a rota e damos uma nova partida. Portanto, se não conseguimos testemunhar como João Batista, temos que suplicar a Deus que nos dê um batismo de arrependimento, para nos converter todos os dias.
Nesse segundo domingo de advento temos a oportunidade de confessar nossas faltas e pecados, e pedir o perdão de Deus. Não apenas pedir desculpas, mas produzir frutos de arrependimento. Eles irão se revelar na relação fraterna com as pessoas e também em nosso empenho pela paz, e na luta em favor dos menos favorecidos. E ainda no compromisso de promover o entendimento e a reconciliação onde a desgraça e a injustiça geram sofrimento às pessoas.
Soli Deo Gloria.
Rev. Ezequiel Luz
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