Embora
muito em voga, a profanação da oração é um problema antigo. Não há outra pessoa
que trate tão energicamente o assunto quanto Tiago na carta aos judeus
convertidos e espalhados “pelo mundo inteiro”, escrita por volta do ano 70
depois de Cristo.
Esses
Cristãos eram ambiciosos. “Queriam muitas coisas”, esforçavam-se para obtê-las
a qualquer custo (“estão prontos até para matar para consegui-las”), mas
continuavam “de mãos abanando”, pois não recorriam à oração. E, mesmo orando, a
situação não mudava, porque os pedidos deles não visavam nada ale, dos próprios
prazeres. As orações que faziam eram tipicamente consumistas, giravam em torno
de coisas e nãos de valores, engrossavam o ter e não o ser. O ideal de
felicidade desses cristãos era gastar, dissipar, esbanjar e consumir. Eram
orações anticristãs à vista das bem-aventuranças do Sermão do Monte (Mt 5.1-12)
e da única palavra de Jesus que não está nos Evangelhos, mas no discurso de
Paulo aos presbíteros de Éfeso: “É mais feliz quem dá do quem recebe” (At
20.35).
Tiago
encerra a exortação chamando-os de adúlteros, pois eram semelhantes à esposa
infiel que ama os inimigos do marido. E por amarem os prazeres do mundo, que
Deus não ama tornavam-se inimigos de Deus. Seria melhor que esses consumistas
se submetessem ao Senhor e resistissem ao diabo, o qual, por sua vez, os
deixaria em paz. Eles deveriam lavar as mãos, limpar o coração, entristecer-se
por estarem em um nível tão baixo de espiritualidade e se humilhar diante do
Pai. Então seriam levantados, animados e ajudados por Deus (Tg 4.1-10)!
A
profanação da oração é um pecado grave. Pois Deus não abriu a porta da oração
para nos afastar dele e levar-nos à secularização, ao materialismo, ao
consumismo e, consequentemente, à apostasia.
Os
cristãos que têm coragem de orar por uma casa na cidade, na praia e nas
montanhas e por um carro zero quilômetro e importado estão profanando a oração
e são inimigos de Deus!
Ultimato,
maio-junho 2012, nº 336, pg 28
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