Segundo
domingo de maio, tradicionalmente separado para homenagear a mãe da gente.
Enquanto pensava no texto sobre essa singular criatura, lembrei-me de um relato
interessante. Uma mãe, diante de uma funcionária pública segura, eficiente e de
carreira, responde um questionário.
—
Qual é a sua ocupação?
—
Sou Doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas, responde a mãe.
A
funcionária fez uma pausa, olhou-a como quem não ouviu bem e disse:
—
Pode repetir, por favor?
A
mãe repetiu pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas. A
funcionária escreveu no formulário e não resistindo a curiosidade, voltou-se
para a mãe.
—
Posso perguntar o que você faz exatamente?
Calmamente,
sem qualquer traço de agitação na voz, a mãe responde:
—
Desenvolvo um programa de longo prazo (qualquer mãe faz isso), em laboratório e
no campo experimental (dentro e fora de casa). Sou responsável por uma equipe
(minha família), e já recebi quatro projetos (filhos). Trabalho em regime de
dedicação exclusiva (alguma mulher discorda?). O grau de exigência é de 14 horas
por dia (para não dizer 24).
Creio
que este relato traduz de forma simples a intensidade do peso que é colocado
sobre os ombros da mãe. Especialmente nos tempos atuais em que os dois, pai e
mãe, chegam exaustos em casa, mas a mãe, dotada de um instinto natural de
preservação da espécie, tem que se ocupar com o cuidado dos filhos.
Sendo
assim, nada mais justo que ter um dia totalmente voltado para a mãe da gente. A
articulista da Veja, Lya Luft, de quem tomei emprestado o título dessa
pastoral, faz algumas afirmações muito apropriadas. “A mãe da gente é aquela
que nos controla e assim nos salva e nos atormenta; e nos aguenta mesmo quando
estamos mal-humorados, exigentes e chatos, mas também algumas vezes perde a
calma e grita, ou chora. Mãe da gente é aquela que nos oprime e nos alivia por
estar ali; que nos cuida, às vezes demais, e se não cuida a gente faz bobagem:
é a que se queixa de que lhe damos pouca bola, não ligamos pra seus esforços,
e, mais tarde, de que quase não a visitamos; (...). A mãe da gente é o mais
inevitável, inefugível, imprescindível, amável, às vezes exasperadamente e carente
ser que, seja qual for a nossa idade, cultura, país, etnia, classe social ou
cultura, nos fará a mais dramática e pungente falta quando um dia nos dermos
conta de que já não temos ninguém a quem chamar de mãe”.
Portanto
ao homenagear as mães nesse domingo, desejamos que elas sejam humanas, que
sejam simplesmente a mãe da gente.
Feliz
Dia das Mães!
Rev.
Ezequiel Luz
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