“Os justos são
bons, até mesmo com os animais” (Pv 12.10)
Em
uma das minhas visitas ao sitio do meu sogro em Chapadão do Sul, vivi uma
experiência marcante. Trafegando por um carreador avistei uma cascavel bem no
meio da rua. Ela brilhava sob a luz do sol. Meu impulso inicial foi de passar por
cima com o carro. Mas me veio à mente uma frase de Albert Schweitzer, teólogo,
médico e escritor ganhador do prêmio Nobel da Paz, que dizia "ética nada mais
é que reverência pela vida". Fiquei parado, boquiaberto, esperando que a
cascavel terminasse de atravessar a rua e se embrenhasse no cerrado.
Reverenciar
é tratar com consideração, respeitar, venerar. A expressão “reverência pela
vida” é usada para afirmar que a vida, em todos os seus níveis, deve ser
respeitada. Que tudo o que é vivo deseja viver; tudo o que é vivo tem o direito
de viver. Nenhum sofrimento pode ser aplicado às coisas vivas para satisfazer o
homem. Aquela cascavel tinha o direito de continuar viva. Em “reverência pela
vida”, fiquei parado esperando que ela terminasse o seu trajeto.
Temos
consciência de que muitas coisas vivas precisam morrer para que outras
continuem vivas. Mas não precisamos sair por ai destruindo tudo o que encontramos.
Agir assim em relação aos seres vivos é uma atitude totalmente isenta de
“reverência pela vida”. Tudo o que precisamos é caminhar pela vida com respeito, amor e honra. Infelizmente, a minha geração foi negligente em
transmitir à geração de hoje um sentimento de reverência pela vida e pelas
coisas sagradas. Talvez, por esta razão, que reverenciar a vida, o espaço do
outro, a pessoa humana, o sagrado seja raro nos dias atuais.
Precisamos
urgentemente resgatar a reverência pela vida. O melhor lugar para começar é na
família. Lembro-me de que não entravamos no quarto dos meus pais sem pedir
licença. A escola também é um lugar apropriado para treinar a reverência. Em um
tempo não muito distante, quando o diretor, o professor ou algum visitante
entrava na sala de aula os alunos ficam em pé. A igreja é outro espaço
apropriado para ensinar a reverência. Quando se iniciava o prelúdio, todos os
cristãos da minha época silenciavam em reverência ao sagrado. Isso é reverência
pela vida, pelo espaço do outro, pela pessoa humana, pelo sagrado.
Soli Deo
Glória
Rev.
Ezequiel Luz
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