MEUS PARCEIROS

sábado, 23 de fevereiro de 2013

CONTRA OU A FAVOR


Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós”(Fp 3.17)

Agora o maior sucesso recente no Facebook é um aplicativo que vai direto ao assunto.  Chama-se “Bang With Friend” (BWF), que traduzindo do inglês chulo significa transar com amigo. Segundo alguns é a mais ousada revolução sexual e comportamental promovida pela internet. Com o aplicativo o usuário seleciona de sua lista de amigos com quem gostaria de fazer sexo. Caso o interesse seja mútuo um e-mail é enviado aos dois que a partir de então marcam o encontro e os detalhes, sem a intermediação do BWF. Posso antever dois grupos digladiando-se na arena dos discursos. Um contra e outro a favor.

O grupo contra argumentaria que isso é uma verdadeira apologia ao sexo fácil e vazio. É a morte do romantismo, do olho no olho, do nervosismo delicioso, do friozinho na boca do estômago. Os relacionamentos serão apenas compras virtuais, feitas com comodidade e segurança. Amor é o que menos interessa. O grupo favorável argumentaria que se trata de uma evolução comportamental natural. Que não tem nada de mais. Que cada um deve usar a liberdade como lhe convém. Talvez tenhamos debates na TV com representantes dos grupos antagônicos. Em alguns lugares do mundo passeatas contra e a favor. Líderes políticos, religiosos e artistas se posicionando perante a sociedade. Mas sem nenhum resultado prático.

O apóstolo Paulo, escrevendo aos Filipenses, especialmente no capítulo 3, a partir do verso 17, se dirige a dois grupos. Um formado por cristãos judaizantes, que insistiam na observância da lei, especialmente quanto a comida e a circuncisão. Outro formado por pessoas que levavam uma vida desregrada, voltada tão somente para a farra, comilança, luxuria, abusando grosseiramente da liberdade cristã. Em suas admoestações o apóstolo aponta para os exageros dos dois grupos.

Também, no texto paulino, encontramos uma alerta sobre como tem sido nossa vivência cristã. Certas pessoas vivem irresponsavelmente. Desconhecem, ou fazem de conta desconhecer, os limites de sua liberdade. Outros vivem verdadeiros traumas emocionais como consequência de uma educação rígida, severa da qual não conseguem se libertar. Tudo é pecado ou proibido.

Não sei mais em que sociedade nós estamos vivendo. Não sei como a Igreja vai se posicionar sobre o uso da internet para facilitar encontros sexuais. Mas o nosso posicionamento deve ser mediado pelo fato de Cristo nos libertar para uma vida alegre e grata pela sua autodoação na cruz. Na ressurreição, Deus concede vida nova ao que creem. Assim o cristão é uma pessoa guiada pelo Espírito Santo e sabe discernir que atitude é necessária quanto às novidades do nosso tempo.

Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

sábado, 16 de fevereiro de 2013

A DOR DE SANTA MARIA E A QUARESMA


“Jesus, cheio do Espírito Santo, (...) foi levado pelo Espírito ao deserto. Ali ele foi tentado pelo Diabo durante quarenta dias (...)” (Lc 4.1-2).

Aumentou o número de mortos em consequência do incêndio na Boate Kiss na madrugada do dia 27 de janeiro. Aumentou o número de pais que choram a perda de seus filhos. Aumentou também a dor da cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul onde ocorreu a tragédia. A dor e a tragédia revelaram que mais de 70% das casas noturnas no Brasil não oferecem as mínimas condições de segurança. Produziram um sentimento nos brasileiros de que não é mais possível tolerar o descaso com a vida. Mas será que esse sentimento persistiu durante o carnaval? Ou a preocupação maior foi com a diversão em detrimento da vida?

A experiência do sofrimento assusta, mas a dor conduz a um aprendizado eficiente. Na verdade o sofrimento é pedagógico. Embora dolorosas, as experiências da dor fazem-nos crescer. Elas contribuem para o nosso amadurecimento espiritual. Sem a experiência da dor ficaríamos vulneráveis e seríamos pessoas vivendo no limiar das superficialidades. Nossas lágrimas regam e adubam o solo de onde brotará a nossa esperança por dias melhores.

Iniciamos neste domingo a Quaresma. A prática de observar esse tempo de quarenta dias úteis e seis domingos vem desde o século IV, antes mesmo da Reforma. É um tempo litúrgico de autoexame, arrependimento, uso intenso dos meios de graça (Palavra, oração e jejum) e disciplina espiritual. Durante este período, a igreja, entristecida, proclama, relembra e responde ao sofrimento de Cristo na cruz. A Quaresma está baseada no simbolismo do número quarenta. Quarenta dias do dilúvio, quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, quarenta dias de Moisés no monte, quarenta dias de Jesus no deserto sendo tentado pelo diabo. O número quatro simboliza o universo material, seguido de zeros significa o tempo de nossa vida na terra com privações e sofrimentos.

Assim como a dor de Santa Maria gerou muita reflexão e produziu mudanças de atitudes em relação à vida humana, a quaresma também, ligada ao sofrimento de Cristo, deve levar-nos a reflexão e a mudança de vida. E para que ela tenha efeito precisamos avaliar nossa fé, nossa prática cristã, nossa prática humanitária e colocar o resultado aos pés da cruz. Temos que meditar na Palavra, orar e jejuar pedindo que o Espírito Santo ilumine nossa mente e coração para enxergarmos o que precisa ser corrigido e consertado. Só assim voltaremos a caminhar no centro da vontade de Deus.

Jesus, como homem, aprendeu a vencer as tentações no deserto. Que o Eterno nos ajude a entender o valor pedagógico da dor e da quaresma. Amém!

Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

COMENDO UM SACO DE SAL


“Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações” (Jr 1.5)

A revista “Isto É” do dia 23 de janeiro entrevistou o professor americano Frank Paratnoy, autor do livro “Como Fazer a Escolha Certa na Hora Certa”, recém-lançado no Brasil e que já vendeu mais de 700 mil cópias apenas na Amazon. Segundo a revista o livro é um contraponto de outro editado em 2005 e de autoria de Malconlm Gladwell, jornalista americano, com o título “Blink, a Decisão num Piscar de Olhos”, que vendeu em apenas um ano mais de 500 mil exemplares. Gladwell defende a ideia de que agir por impulso é uma maneira de tomar decisões acertadas com base na intuição. Mas o professor Paratnoy entende que a ação por impulso está transformando os humanos em animais irracionais. Ele defende a ideia da procrastinação responsável, da necessidade de se pensar, refletir, comer um saco de sal ante de tomar qualquer decisão.

A tecnologia e as redes sociais são ferramentas fantásticas, mas estão piorando o nosso senso de pressa e de urgência. Por influências destas ferramentas somos tentados a dar uma resposta imediata para tudo. Geralmente nossas primeiras reações são tendenciosas e erradas. Não nos dão tempo para refletir.

Em nossos dias, diante de tantas pessoas que se apresentam como profetas, temos que ter muita prudência. Muita gente, mal ouve um desses profetas e já abrem as portas de suas casas, vão logo se ajoelhando e chamando-os de homens de Deus. Isto é no mínimo leviandade. Um velho senhor aconselhando jovens disse: “Coma um saco de sal antes de fazer juízo e reconhecer tais pregadores como homem de Deus”.

Aqueles que são verdadeiramente profetas não tem vida fácil. Jeremias tem dificuldades em aceitar o chamado de Deus. Por fim o Senhor diz a ele: “Eu estou dando a mensagem que você deve anunciar e também estou dando a você poder sobre nações e reinos, poder para arrancar e derrubar, para destruir e arrasar, para construir e plantar”. Uma missão nada fácil e muito impopular.

Portanto amados, não se precipitem. Antes de reconhecer alguém como homem de Deus coma um saco de sal. Pense, reflita, analise. Se ele só profetizar bênçãos, vitórias, curas, libertação, sucesso, prosperidade, fique atento. Homens de Deus profetizam bênçãos, mas também o juízo de Deus. Ele tem coragem para dizer: “Aos poderosos eu vou pregar, aos homens ricos vou proclamar, que a injustiça é contra Deus e a vil miséria insulta os céus”.

Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel luz

sábado, 2 de fevereiro de 2013

A DOR DE SANTA MARIA

“Ou cuidais que aqueles dezoito sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém?” (Lc 13.4)

Segundo o site “Observatório da Imprensa”, a Folha de S. Paulo foi o primeiro entre os grandes a tirar da manchete a tragédia de Santa Maria. Manteve o assunto nas páginas internas, mas preferiu dar destaque na primeira página ao aumento da gasolina. A primeira página é o local privilegiado para chamar a atenção dos leitores para o assunto que o jornal elege como importante. Portanto, é como se a Folha estivesse dizendo: lamentamos a dor provocada por tantas mortes em Santa Maria, mas a vida continua, e vem ai um aumento que pode deixar tudo mais caro. Mas esse assunto não pode ser esquecido, pois ao que tudo indica foi provocado por um misto de ganância, incompetência e corrupção.

A dor da cidade de Santa Maria pode até deixar as manchetes dos jornais, revistas e mídia em geral. Mas estará muito presente na vida das pessoas que perderam seus entes queridos e também na memória de todos os brasileiros. Como ela aprendemos que precisamos ser humildades, para admitir nossa incapacidade de encontrar explicações para a origem do sofrimento. Alguns poucos ousaram afirmar que a tragédia de Santa Maria foi consequência do pecado. Um lugar como a boate Kiss só podia atrair a maldição divina, afirmam. Mas está lógica não abarca toda a realidade, pois há casos de tragédia em igrejas, lugar supostamente de pessoas redimidas.

A dor de Santa Maria levou-nos a refletir sobre a solidariedade. Só Deus para trazer consolo aos corações enlutados. Mas a solidariedade, isto é, sentir a dor que não é nossa, pode ajudar as pessoas a encontrar forças para superar o sofrimento. Solidariedade presente na atitude heróica de jovens que voltaram para o interior da boate e resgataram pessoas feridas. Também na atitude daqueles que de posse de marretas fizeram buracos na parede para facilitar a saída da fumaça e também a retirada de feridos. E ainda nas lagrimas de bombeiros lamentando não poderem fazer mais para salvar os jovens. Em todas essas manifestações podemos perceber a Graça de Deus.

A dor de Santa Maria revela ainda que nenhum lucro, prazer ou diversão pode ser mais importante que a vida. O lucro pelo lucro pode trazer prejuízos para a vida. O prazer pelo prazer pode envenenar a vida. A diversão pela diversão pode enlutar a vida. A vida deve ser sempre o critério para decidir sobre quais eventos devemos ou não participar.

Certamente, com a dor de Santa Maria os brasileiros não serão mais os mesmos.

Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz