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terça-feira, 17 de agosto de 2021

O CRISTÃO E A POLITICA

          Quem é que nós vamos seguir? O senhor tem as palavras que dão vida eterna! (João 6.68) 

Imagine a seguinte situação. Na rua em que você mora, bem na esquina surge um buraco. Com as chuvas ele aumenta de tamanho. Você se preocupa porque aquele buraco, antes inofensivo, agora pode causar um acidente. Então você pega um galho de árvore e finca no buraco com o propósito de avisar os motoristas do perigo. Este ato é um ato político. Primeiro porque há uma preocupação com o coletivo. Segundo porque é uma forma de denunciar o descaso do poder público com a situação da rua. Você pode ser um cristão ou não, isto não vai mudar o caráter político da sua ação.

Mas é comum ouvir da boca de cristãos: “Odeio política!” “A política é suja!”. Estas e outras expressões são usadas pra manifestar uma aversão a atividade dos políticos e dos partidos. Aversão essa, incentivada pela mídia hegemônica, muitas vezes como cortina de fumaça pra esconder a corrupção da elite burguesa de nosso país. Mas a verdade é que política está em tudo o que fazemos. O teólogo Jürgen Moltmann afirma que “a igreja tem na história sempre uma dimensão política. Querendo ou não ela representa um fator político”[1]. Portanto o cristão, seguidor de Jesus, está envolvido com política, consciente ou não. “A política faz parte de todos os elementos centrais da vida, e por isso, não há como simplesmente “lavar as mãos” e supor que problemas sociais são responsabilidade alheia”.[2] Nossas escolhas são políticas e interferem no bem estar coletivo.

No evangelho de João encontramos Jesus em uma ação política reveladora. Partilhar o pão produz multiplicação suficiente para saciar a fome de uma multidão. Depois ele se apresenta como o pão da vida que desceu do céu. O discurso escandaliza e alguns seguidores o abandonam. Então ele se volta para os doze e pergunta: “Será que vocês também querem ir embora?” (6.67). Pedro responde: “Quem é que nós vamos seguir? O senhor tem as palavras que dão vida eterna!” (6.68). Palavras carregam ideias. Podem ser geradoras de amor, afeto, acolhimento, solidariedade, mas também de ódio, rejeição, desprezo. A escolha de seguir a Jesus significa acolher a suas palavras, seus ensinos, suas orientações.

Como cristão fazemos política. Todas as vezes que enfatizamos a centralidade do amor na mensagem cristã e agimos em benefício da coletividade estamos fazendo política a favor do Reino de Deus.

Rev. Ezequiel Luz
Pastor da IPI do Brasil


[1] “La Iglesia Fuerza del Espiritu”, Ediciones Sigueme, 1977, pg 32 (Tradução livre)

[2]  Fernandes, Sabrina. “Se Quiser Mudar o Mundo”. São Paulo – Planeta, 2ª ed, pg 33

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