“Não
se enganem; não sejam apenas ouvintes dessa mensagem, mas a ponham em prática”.
(Tiago 1.22)
Foto: Wakil Kohsar/AFP |
Após o Talibã reassumir o controle do Afeganistão, cenas trágicas no aeroporto de Cabul foram exibidas ao mundo todo. Centenas de pessoas invadiram a pista de decolagem, se penduraram em aeronaves em movimento e imagens mostraram algumas caindo do avião em pleno voo. Todos nós fomos impactados por estas imagens envolvendo principalmente mulheres e crianças. Os fatos desenrolados no Afeganistão nos últimos anos, revelam como a ganância por lucro produz tragédias humanas.
O
Afeganistão já foi governado por socialistas na década de 1970. O governo instituiu
o ensino laico, reforma agrária e a participação feminina na política. Mas
muitos achavam que estas medidas eram uma ameaça ao islamismo e um golpe tirou
os socialistas do governo. A URSS preocupada em perder o controle da região invadiu
o território afegão em 1979. Nessa ocasião surgiram rebeldes chamados “mujahidin”
que se organizavam no interior do país e receberam apoio e treinamento militar
dos EUA. Foram eles que deram origem a dois grupos extremistas: Al-Qaeda e o
Talibã. Em 1989 a URSS sai do país e a partir de 1994 o Talibã assume o governo.
Depois do ataque as Torres Gêmeas de 11 de setembro, os EUA invadiram o
Afeganistão em nome do combate ao terrorismo e tiraram o Talibã do poder. As
forças militares americanas permaneceram até a eleição de Donald Trump que fez
um acordo com o Talibã para a retirada das tropas. Joe Biden cumpri o acordo e
com a retiradas dos americanos o Talibã assumi o controle do Afeganistão levando
a população ao desespero. O que impressiona é a atitude imperialista que impõem
o domínio americano e alimenta o conflito. Tudo em defesa da democracia liberal
para a qual a guerra é uma fonte enorme de lucro.
Tanto
os EUA como países europeus, que são cristãos, discutem quem vai acolher os
refugiados. Se colocarmos o cristianismo desses países dentro da carta de Tiago
vamos descobrir a contradição entre ensino e prática. Tiago escreve
para uma comunidade em que há pobres explorados e ricos exploradores.
Para Tiago, a denúncia do que acontece hoje e o anúncio da esperança para
o amanhã não são suficientes. Não bastam belas palavras e boas intenções.
É preciso praticar o evangelho, a “lei perfeita”, lei que não oprime e nem
amarra, mas liberta: a lei do amor.
A
grande tragédia humana de nossos dias é se afastar da prática do evangelho. Há
muito ensino, muita pregação e interpretações particulares geradoras de ódio e
intolerância, contrariando o centro da mensagem do evangelho de Cristo. Como
ensina Tiago, a verdadeira religião é a prática do amor. As tragédias humanas,
em grande parte, poderiam ser evitadas se praticássemos o ensino de Jesus de amar
o próximo como a nós mesmos.
Rev.
Ezequiel Luz
Foto:
Wakil Kohsar/AFP
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