“Quero trazer à memória o que me pode dar esperança”
(Lamentações 3.21)
Lembro-me como se fosse hoje o dia em que conheci o lugar onde meu pai nasceu. Tinha vinte anos de idade. O sitio da família, onde eles plantavam mandioca para fazer farinha, ainda existia. Estar ali, naquele lugar, observar com viviam as pessoas, conversar com elas sobre o passado dos meus avós paternos foi muito importante. Muitos que conheceram meu pai menino e adolescente ainda moravam nas redondezas. Pude conversar com alguns deles. Disseram-me coisas importantes que ajudaram a compreender melhor meu velho e a respeitá-lo mais.
Conhecer o passado é fundamental para não perder a identidade. Recordar a história é necessário para alimentar a esperança em um futuro melhor. Por esta razão, ao comemoramos 106 anos da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, quero usar este espaço para recordar. Mesmo resumidamente quero trazer a memória o que pode dar esperança. Recordar, principalmente quem somos. Somos a IPI do Brasil, uma igreja cristã, reformada, calvinista, presbiteriana e brasileira.
Cristã porque somos um ramo da igreja inaugurada por Jesus Cristo. Reformada porque estamos ligados ao movimento da Reforma Religiosa do Século XVI, liderada por Matinho Lutero. Calvinista porque nossa tradição doutrinária e litúrgica está vinculada ao reformador francês João Calvino, um intelectual brilhante e interprete sério da Bíblia, que aprofundou a reforma de Lutero. Presbiteriana porque adotamos a forma de governo representativa, centralizada nos concílios formados por presbíteros eleitos pela igreja e por pastores. Brasileira porque somos frutos de um movimento nacionalista que surgiu dentro da Igreja Presbiteriana do Brasil no inicio do século XX.
Foi no dia 31 de julho de 1903 que pastores e presbíteros nacionalistas, liderados pelo Rev. Eduardo Carlos Pereira, organizaram a IPI do Brasil. Entendiam que chegara a hora de caminhar utilizando recursos próprios sem a tutela da Igreja Presbiteriana dos EUA. Somos “independentes” porque desenvolvemos nossas atividades emancipados da igreja mãe. Aliás, somos a primeira igreja evangélica nacional. Hoje somos mais de quinhentas igrejas espalhadas pelo Brasil ligadas pelos laços da Reforma, do calvinismo, do presbiterianismo e do “31 de julho”.
Mas, além do nosso aniversário, precisamos também trazer à memória dois fatos. Os 500 anos do nascimento de João Calvino (10/07/1509) e os 150 anos da chegada ao Rio de Janeiro do Rev. Ashbel Green Simonton, missionário norte-americano que fundou a Igreja Presbiteriana do Brasil (12/08/1859). Neste “31 de julho” se queremos expressar nossa gratidão a Deus, devemos fazê-lo reafirmando nossa identidade calvinista e presbiteriana. Temos uma história, um passado que não nos envergonha, mas dá-nos esperança quanto à realização da missão de Glorificar a Deus. Amém!
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz