E Paulo terminou, dizendo: (...) eu não desobedeci à visão que veio do céu.(At 26.19)
Como parte das comemorações dos 500 anos do reformador João Calvino, a Folha de São Paulo publicou no dia 12 de julho, um artigo escrito pelo professor Antonio Flávio Pierucci, chefe do departamento de Sociologia da USP, intitulado “Calvino, 500”. O fato de um jornal com a maior circulação no Brasil, segundo o ranking da ANJ (Associação Nacional de Jornais), dedicar duas páginas a Calvino revela sua grande importância. Mas quem ler o texto provavelmente ficará com uma imagem destorcida de João Calvino.
Logo no inicio é dito que Pierucci fará uma análise da obra do reformador que levou a teologia a seus limites lógicos e sacrificou a ideia de um Deus amoroso. Depois o articulista da Folha afirma que para resolver a questão da dúvida metafísica sobre origem do mal, Calvino realizou uma proeza racional. “Foi preciso o destemor conceitual de um teólogo exigente feito ele (que, segundo biógrafos, ensinava como se fosse refém de uma inclinação pessoal obsessivo-compulsiva a pensar com lógica a teologia) para dar o passo racional necessário. Ousou: para salvar a onipotência de Deus, não dá para não sacrificar pelo menos um quê da bondade divina”. Pieruchi demonstrando certo asco chega a dizer: “Quase dantesco, soando às vezes satírico, Calvino deixou de lado todo prurido “bela alma” e saiu rasgando o véu da compaixão católica e luterana pelo “pobre pecador”, dando espaço em suas obras à crueza catastrofista do monoteísmo vingador dos profetas bíblicos”. Esta á a visão que a maioria dos intelectuais tem de Calvino. Um homem frio, extremamente racional, obcecado e intransigente.
Também os evangélicos pentecostais e neopentescostais alimentam certa antipatia por causa da concepção da predestinação sistematizada por Calvino em sua teologia da graça. É um erro lamentável reduzir o calvinismo à predestinação. A preocupação central de Calvino era com a glória de Deus. Aliás, em uma época em que a igreja se esquece do seu papel de expressar a glória de Deus e se volta para a satisfação das necessidades individuais e imediatas, a ênfase de Calvino é urgente e necessária.
Portanto, a dívida de todos nós, históricos, reformados ou não, para com João Calvino é imensa. No culto de abertura da 6ª Assembleia Geral da IPI do Brasil, o Rev. Gerson Correia de Lacerda, com base em Atos 26.1-20, traçou um paralelo entre Paulo, Calvino e os missionários calvinistas que vieram ao Brasil em meados do século XVII. Todos foram fieis e obedientes a vontade de Deus encontrada nas Escrituras. Àqueles que descrevem Calvino como um homem intransigente, a igreja reformada deve apresentar o interprete das Escrituras, fiel e obediente ao seu Deus.
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz
Rev. Ezequiel Luz
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