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quinta-feira, 1 de julho de 2010

ÓCIO OU NEGÓCIO

“No arrependimento e no descanso está a salvação de vocês, na quietude e na confiança está o seu vigor ” (Is 30.15).


Se você só pudesse usar uma entre duas palavras para definir sua atividade, qual usaria? Ócio ou negócio? A minha intuição me diz que sua escolha recairia sobre a palavra negócio. A razão é que a palavra ócio é usada para designar o tempo que se passa desocupado, indolente, com preguiça. Já negócio está atrelado a uma ação produtiva, profissional, a benefício econômico e a boa administração do tempo.

Segundo o professor Emilio Myra y Lópes, os gregos e romanos davam o nome de ócio à atividade puramente espiritual, dedicada à meditação, à contemplação e aos estudos dos enigmas filosóficos. As atividades contrárias recebiam o nome de “nec-ócio”. Isto é, tudo o que não era ócio, atividade lucrativa, prática, corriqueira, do dia-a-dia, que para eles não se revestia da mesma importância do ócio.

Nossa cultura inverteu o valor das atividades atribuídas a estas palavras, de tal forma que hoje se julga o negócio superior ao ócio. Tanto é verdade que alguns têm dificuldades de aceitar a atividade de estudar como trabalho. Até mesmo a fé é vista nos dias autuais como negócio. A fé só tem valor se produzir resultados palpáveis como a cura física, cura emocional, prosperidade, riquezas. Todos que possuem fé se envolvem com grandes projetos, grandes construções, grandes sonhos, contribuem financeiramente na esperança de que Deus irá recompensar com muitas bênçãos.

Entendo que precisamos urgentemente reverter esse quadro que supervaloriza o negócio em detrimento do ócio. Precisamos de cristãos que orem, que cultivem um relacionamento íntimo com Deus através da contemplação e da meditação nas Escrituras. Precisamos de cristãos que se dediquem a compartilhar, a ensinar a Palavra de Deus a todos ao seu derredor. Precisamos de cristãos que tenham paciência para ouvir as pessoas com tempo, sem pressa, mesmo que seja por cinco minutos. A falta de pressa é uma qualidade do espírito e não está ligada a quantidade de tempo. Quantas são as pessoas em nossa volta que necessitam de alguém que as ouça, sem pressa e com toda atenção. Os antigos consideravam essas atividades ócio e superiores ao negócio.

Portanto todos nós deveríamos ociar para adquirir saber e depois trabalhar usando o conhecimento em proveito da sociedade. Aceitar o negócio somente quando nos propicie meios e tempo para dedicarmos ao ócio, tão necessário para o desenvolvimento intelectual e espiritual. Ócio que nos ajude a produzir um valor estético, científico, jurídico, econômico, social e principalmente espiritual. Só assim poderemos vencer as tentações do mundo dos negócios e ter paz interior para buscar intimidade com Deus, conhecimento de sua Palavra e tempo para ouvir as pessoas que Deus ama.


Soli Deo Gloria!
Rev. Ezequiel Luz

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