Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás? (Hb 1.2 )
Muito cedo, na adolescência, conheci o horror que a violência provoca. Quando o Brasil venceu a Itália, na final da Copa do Mundo de 1970, eu, meu irmão e mais um amigo chamado Jurandir saímos para comemorar junto com o povo nas ruas de nossa cidade. Na volta, de madrugada, vínhamos conversando animadamente. Estávamos há uns trezentos metros de nossas casas, quando em uma esquina na rua de cima, alguém gritou: “Ei! Aqui vagabundo nenhum pode andar falando alto”. O Jura, assim ele era tratado, se vangloriando da sua força física respondeu: “Vagabundo é você meu! Vou te dar um cacete pra você aprender a não mexer com quem não conhece”. E partiu para cima do rapaz, não dando ouvidos ao que eu e meu irmão dizíamos: “Jura deixa disso, vamos embora”. De repente, detrás de uma pilha de tijolos, um bando de aproximadamente vinte garotos, atacam o Jura com pauladas, socos e pontapés. Saímos correndo sem olhar para trás! Éramos acompanhados pelo som ofegante de nossa respiração e pelos gritos do Jura. Entramos em casa e fomos logo para o nosso quarto com o sentimento de segurança e proteção.
Hoje, quando me lembro desse fato penso na igreja. Diante de situações que exigem um posicionamento firme, a igreja corre para o templo. Nesse ambiente de proteção e segurança ora, canta, dança, ouve mensagens edificantes numa tentativa de abafar o som do grito que vem das casas, das ruas, esquinas e becos de nosso país. Mas não dá mais para suportar. Temos que dar um basta a essa onda de violência.
Não tenho clareza sobre o que a igreja instituição pode fazer. Mas quero aqui sugerir algumas atitudes individuais. Inicialmente precisamos orar. Esta prática é tão inerente a vida cristã, que nem deveria ser mencionada. Paulo ensina que uma vida de paz é conseqüência da intercessão, especialmente em favor daqueles que estão investidos de autoridade (1Tm 2.2). Outra coisa é participar ativamente de organismos empenhados na construção de uma cultura de paz. E ainda, aproveitando o ano eleitoral, devemos empunhar a bandeira do voto consciente. Vamos analisar com muito cuidado as propostas dos nossos candidatos, principalmente o quesito educação. Investigue o que os candidatos (deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente) já fizeram e o que pretendem fazer com a educação. A mensalidade da escola particular que obteve a melhor nota do Enem 2009 é equivalente ao que o governo gasta em um ano com um aluno da rede pública. Investimentos baixos na educação requerem investimentos altos na segurança pública.
O Jura suportou a violência e escapou com vida. E a nossa sociedade será que ainda suporta? Chegou o momento de darmos um basta à violência e clamarmos: Até quando Senhor!
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz
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