“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente”(Rm 12.2a)
Suspeita de tráfico de influência que derruba ministro e funcionários públicos. Detidos pela Polícia Federal governador em exercício e candidato, prefeito, vice-preito, vereadores e empresários, todos suspeitos de envolvimento em licitação fraudulenta, superfaturamento e desvio de verbas públicas. Menções a uma possível distribuição de dinheiro para governador, deputados, tribunal de justiça e ministério público. É a corrupção estendendo seus tentáculos em todos os níveis e envolvendo os poderes constituídos do Estado Brasileiro. Denuncias com vídeos, áudio e depoimentos que nos fazem estremecer.
Mas o que me assusta é descobrir que a corrupção não tem cor ideológica, político-partidária e nem religiosa. Nesse volume de denúncias dos últimos dias os envolvidos são de todos os matizes ideológicos, religiosos, agnósticos e ateus. Assusta-me também, perceber que muitos cidadãos brasileiros não manifestam a menor indignação e não pretendem avaliar melhor seu voto. “Sempre foi assim e vai continua sendo”, afirmam. Já outros se mostram tão indignados que decidem pelo voto nulo. Eu mesmo já declarei: “Vou anular o meu voto em todos os cargos”.
Mas refletindo melhor cheguei a uma conclusão. Votar por votar, sem nenhum critério me faz cúmplice de todas as irregularidades cometidas pelos políticos. Votar em branco ou anular o voto me faz covarde. Tanto o voto branco quanto o nulo não são considerados válidos. Portanto eles não alteram o resultado final da eleição, mesmo que o número de brancos e nulos seja maior do que o candidato mais votado. Pode ser encarado como uma forma de protesto. Mas é como se lavasse minhas mãos e dissesse: “Qualquer um serve” (voto branco) ou: “Nenhum serve” (voto nulo).
Faço aqui um apelo aos cristãos. Temos algo a fazer a esse respeito. Não sobrevivemos como comunidade cristã por dois mil anos nos conformando com este mundo, sendo emoldurados pelas tendências e assimilando descuidadamente as práticas desonestas do nosso tempo. Portanto temos que dar o exemplo votando com qualidade. Primeiro avaliando cuidadosamente o histórico e os compromissos dos candidatos. Assim faremos escolhas racionais e não passionais. Segundo não deixando que os eleitos se escondam atrás do mandato. Precisamos mobilizar a sociedade na formação de comitês, sem ligação partidária, para cobrar e fiscalizar periodicamente o executivo, o legislativo e também o judiciário dos municípios. Sei que esses poderes constituídos se fiscalizam mutuamente. Mas temos o direito de ser informados como cada um deles está se comportando.
Espero que esses escândalos leve ao surgimento de cristãos e cidadãos conscientes que experimentem todos os dias uma renovação mental e assim ofereçam à sociedade uma nova maneira de pensar a vida política do país.