MEUS PARCEIROS

sábado, 25 de setembro de 2010

VOTO CONSCIENTE

“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente”(Rm 12.2a)


Suspeita de tráfico de influência que derruba ministro e funcionários públicos. Detidos pela Polícia Federal governador em exercício e candidato, prefeito, vice-preito, vereadores e empresários, todos suspeitos de envolvimento em licitação fraudulenta, superfaturamento e desvio de verbas públicas. Menções a uma possível distribuição de dinheiro para governador, deputados, tribunal de justiça e ministério público. É a corrupção estendendo seus tentáculos em todos os níveis e envolvendo os poderes constituídos do Estado Brasileiro. Denuncias com vídeos, áudio e depoimentos que nos fazem estremecer.

Mas o que me assusta é descobrir que a corrupção não tem cor ideológica, político-partidária e nem religiosa. Nesse volume de denúncias dos últimos dias os envolvidos são de todos os matizes ideológicos, religiosos, agnósticos e ateus. Assusta-me também, perceber que muitos cidadãos brasileiros não manifestam a menor indignação e não pretendem avaliar melhor seu voto. “Sempre foi assim e vai continua sendo”, afirmam. Já outros se mostram tão indignados que decidem pelo voto nulo. Eu mesmo já declarei: “Vou anular o meu voto em todos os cargos”.

Mas refletindo melhor cheguei a uma conclusão. Votar por votar, sem nenhum critério me faz cúmplice de todas as irregularidades cometidas pelos políticos. Votar em branco ou anular o voto me faz covarde. Tanto o voto branco quanto o nulo não são considerados válidos. Portanto eles não alteram o resultado final da eleição, mesmo que o número de brancos e nulos seja maior do que o candidato mais votado. Pode ser encarado como uma forma de protesto. Mas é como se lavasse minhas mãos e dissesse: “Qualquer um serve” (voto branco) ou: “Nenhum serve” (voto nulo).

Faço aqui um apelo aos cristãos. Temos algo a fazer a esse respeito. Não sobrevivemos como comunidade cristã por dois mil anos nos conformando com este mundo, sendo emoldurados pelas tendências e assimilando descuidadamente as práticas desonestas do nosso tempo. Portanto temos que dar o exemplo votando com qualidade. Primeiro avaliando cuidadosamente o histórico e os compromissos dos candidatos. Assim faremos escolhas racionais e não passionais. Segundo não deixando que os eleitos se escondam atrás do mandato. Precisamos mobilizar a sociedade na formação de comitês, sem ligação partidária, para cobrar e fiscalizar periodicamente o executivo, o legislativo e também o judiciário dos municípios. Sei que esses poderes constituídos se fiscalizam mutuamente. Mas temos o direito de ser informados como cada um deles está se comportando.


Espero que esses escândalos leve ao surgimento de cristãos e cidadãos conscientes que experimentem todos os dias uma renovação mental e assim ofereçam à sociedade uma nova maneira de pensar a vida política do país.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

ESCOLA DOMINICAL VIRTUAL

“E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades” (Mt 9.35).

Em um domingo à noite, subi ao púlpito para pregar. Anunciei o texto bíblico base para o sermão. Enquanto a congregação folheava as Escrituras, corri os olhos pelo auditório. Deparei-me com um jovem mexendo no celular. Fiquei indignado. Como pode alguém brincar com joguinhos na hora da mensagem? Pensei em chamar-lhe a atenção, mas me contive. Poderia constrangê-lo e deixá-lo na defensiva. Depois do culto fui informado que ele possuía uma Bíblia inteira no celular.
Novos tempos. Na Bienal do Livro, realizada em agosto na cidade de São Paulo, as obras em formato digital dividiam espaço e atenção com os tradicionais livros de papel. Essa tendência também foi constada no natal de 2009, quando a Amazon, maior loja virtual do mundo e criadora de um dos primeiros leitores de livros digitais, o Kindle, vendeu mais livros eletrônicos do que de papel pela primeira vez na história. Até mesmo escritores de peso, como Rubem Fonseca, já vendem seus livros no formato eletrônico.
Alguns afirmam que o livro e as editoras vão desaparecer. Mas quando surgiu o rádio diziam que as conversas em família iriam acabar. Veio a televisão e afirmavam que o rádio e o teatro estavam com seus dias contados. Com a internet a previsão era do surgimento de uma geração isolada. Mas nada disso aconteceu. As conversas familiares, o radio, o cinema não desapareceram. A grande maioria continua vivendo em comunidades e interessada em fazer amizades com pessoas reais. Assim também o livro não vai acabar. Aqueles que são fascinados pelo cheiro do livro, por bibliotecas ou por livrarias vão continuar vivendo sob esse magnetismo.
Como o terceiro domingo do mês de setembro é dedicado a Escola Dominical, creio ser oportuno perguntar se tendência eletrônica chegará (se é que já não chegou) a influenciar essa instituição cristã.  Alguns têm anunciado sua morte. Mas assim como o livro de papel, ela vai continuar existindo. Talvez com outros formatos e horários. Em nossa congregação já tivemos um experiência com adolescentes. Cada um deles, de posse de um logim e uma senha, entravam em um ambiente virtual e encontravam uma lição bíblica, em formato e linguagem apropriados. Havia também perguntas que geravam pontos e um fórum de discussão. O professor ficava sabendo quem acessou a lição e quantas vezes.  Na Escola Dominical eles se reuniam para debater o assunto tratado eletronicamente.
Portanto, devemos ser gratos a Deus pela Escola Dominical. Seja em formato tradicional ou virtual ela é imprescindível para a Igreja dar concretude a missão de ensinar, pregar e restaurar pessoas. Estas continuam com as mesmas necessidades físicas, emocionais e espirituais da era pré-digital.
 
Soli Deo Gloria
Rev. Ezequiel Luz

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A LIÇÃO DO FURACÃO

“Então, todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu e reina sobre nós” (Jz 9.14).


Quem é que faz a história? São os governantes, os líderes ou o povo? Se nós déssemos conta de como nossas atitudes e decisões, somadas as atitudes e decisões dos nossos conterrâneos, podem mudar os rumos da história presente e seus desdobramentos, agiríamos com mais responsabilidade. Temos um exemplo recente que é a Lei da Ficha Limpa. Cada um do povo tomou a decisão de assinar um documento, e a soma de todas as assinaturas exerceu uma forte pressão sobre o Congresso que acabou aprovando a lei. O voto também é uma decisão individual que somada a dos outros concidadãos pode mudar os rumos de um país, estado ou município para pior, ou melhor.

A Polícia Federal desencadeou uma operação em Dourados, MS, denominada Uragano, palavra extraída da língua italiana e cuja tradução é furacão. Como todo furacão, a operação provocou grandes estragos na administração pública da cidade. Levou para cadeia o prefeito, o vice-prefeito, nove vereadores, secretários e empresários. Todos suspeitos de envolvimento em um esquema, chefiado pelo prefeito, de desvio de recursos públicos, fraude em licitações, superfaturamento e outros. Como todo furacão, este também deve deixar algumas lições valiosas.

Os últimos acontecimentos em Dourados revelam como a decisão do voto deve ser tomada com mais responsabilidade. Ari Artuzi experimentou uma ascensão política muito rápida. Inicialmente foi eleito Vereador, e dois anos após se elege Deputado Estadual por uma legenda pequena e com o mínimo de votos.  Exerce o mandato desenvolvendo serviços de assistência social, e ajudando o povo em suas carências. É reconduzido ao cargo como o Deputado Estadual mais votado de Dourados. Antes de concluir o segundo mandato é eleito Prefeito da maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul.

A história política de Ari Artuzi revela que o povo votou com o coração e não com a razão. Como ele ajudava a todos que o procuravam adotou na campanha para prefeito o lema: “Ajuda eu” (sic). Portanto estabeleceu-se uma troca ente o povo e o candidato nos seguintes termos: Eu ajudo vocês e vocês me ajudam votando em mim. Quando um candidato oferece algo em troca do voto ele demonstra não ter respeito pelo cidadão. O eleitor ao vender seu voto está autorizando o político a fazer qualquer coisa e, está também, vendendo sua consciência.

A lição que fica desse furacão que atingiu Dourados é que os cidadãos precisam votar com responsabilidade. O voto é muito sério. Não se deve votar motivado por paixões, por amizade, muito menos em troca de algum favor. O furacão nos ensina que devemos votar com consciência e inteligência. Se não aprendermos a lição vamos ter espinheiro governando sobre nós.

Soli Deo Glória
Rev. Ezequiel Luz

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

DOIS DESASTRES

Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas.(Jr 2.13).


A matéria especial da revista ISTOÉ, do dia 25 de agosto deste ano, trás o seguinte titulo: “Nunca fomos tão felizes”. A matéria chama os brasileiros de hoje de geração do bem-estar. Afirma que, tomados pelo sentimento de bem-estar, brasileiros compram mais carros, viajam mais, conseguem a casa própria e realizam sonhos até então inatingíveis. Para os articulistas o acesso a bens de consumo é a principal causa da felicidade dos brasileiros. A matéria é uma declarada apologia da prosperidade que transforma o homem em um mero negócio. As receitas ensinadas pelos gurus da prosperidade focam o esforço humano. Ensinam que o sucesso depende de planejamento, disciplina e determinação. Aqueles que não obtêm o sucesso por meio dessas receitas experimentam um profundo sentimento de frustração e fracasso.

Infelizmente esse pensamento também é defendido por vários pastores e lideres da igreja cristã. Muitos ensinam que a benção de Deus na vida de uma pessoa é sinalizada pela prosperidade. Mas não é bem assim. A Bíblia mostra que na época do profeta Oséias, Israel vivia um período de extrema idolatria, adultério espiritual e apostasia e, no entanto, havia abundância de bens. Mesmo com tamanha prosperidade, Deus se revolta contra o povo chegando a afirmar: “não os amarei mais” (Os 9.15).

A IPI do Brasil comemorou no dia 2 de setembro o Dia do Pastor e da Pastora, do Missionário e da Missionária. A data está ligada a ordenação de Eduardo Carlos Pereira em 1881, líder do grupo que fundou a denominação. Em meio às comemorações é necessário refletir sobre o pastorado atual. Muitos estão abandonando a dependência de Deus e construindo um ministério que visa apenas atender a vontade do povo. Não percebem que os cristãos de hoje não são dominados por um desejo sincero de Deus, seu reino, justiça e palavra, mas sim por sentimentos egoístas que nascem de emoções ainda não transformadas. 

Os pastores e lideres da igreja precisam alertar o povo quanto ao perigo da busca por riquezas materiais e não defendê-la como caminho para a felicidade. Esse caminho leva os cristãos a abandonarem a Deus e a cavarem cisternas rotas que não retém as Escrituras. Para evitar esses dois desastres o ministério não pode ser determinado nem pelo conhecimento cientifico da verdade e nem pela experiência religiosa, mas pelo zelo pastoral transformado pelo conhecimento da verdade e pela experiência religiosa.

Abandonar a Deus e confiar no esforço humano são dois desastres estimulados pela teologia da prosperidade. Precisamos de pastores e lideres que evitem e ajudem a evitar esses desastres.

Soli Deo Glória
Rev. Ezequiel Luz