EVANGELHO POP STAR

“Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra” (Mt 2.11).

Visitando a cidade onde meu sogro mora, tive a oportunidade de conversar com pessoas não ligadas à igreja, seja católica ou evangélica. Mesmo assim insistiam em falar sobre fé. Criticavam ou elogiavam os pregadores midiáticos e demonstravam conhecer os textos bíblicos usados para fundamentar as mensagens de prosperidade, tão em voga nos dias atuais. Esta habilidade de pessoas não religiosas em falar sobre assuntos ligados a religião me fez pensar sobre a popularidade do evangelho. Hoje ele está presente no rádio, na televisão, nos jornais, nas revistas, na casa de show, no restaurante, no bar, no supermercado, na banca de jornal, na rodoviária, no aeroporto. O evangelho hoje é pop star.

Assim como um astro famoso, o evangelho pop star é superficial. Não produz transformação de vida e nem gera misericórdia e solidariedade para com o pobre, oprimido e marginalizado. É um evangelho egoísta. Ensina que devemos nos apresentar diante de Deus para exigir, dar ordens e para determinar o nosso sucesso individual.

Com tanta arrogância do evangelho atual, fica difícil pensar na mensagem do domingo, dia da Epifania do Senhor. A palavra epifania é de origem grega e significa aparição ou manifestação. No calendário cristão é uma celebração que tem como objetivo recordar a manifestação da graça de Deus e a revelação do seu grande amor pela humanidade. O relato bíblico usado neste dia é a visita dos magos, que segundo a tradição eram três: Gaspar, Baltazar e Belchior. Vieram, orientado por uma estrela, encontrar um rei recém-nascido. Mas a estrela os guiou para uma humilde manjedoura e não para um palácio real. Os magos apontam para a manifestação da divindade no frágil menino Jesus. Eles representam as diferentes raças e culturas dando à ação salvadora de Deus uma dimensão universal.

Na humilde manjedoura está o presente de Deus para toda a humanidade: Jesus Cristo. A raça humana, representada pelos magos, também presenteia com a preciosidade da vida. A mensagem do evangelho da manjedoura nos ensina que, em resposta ao grande amor de Deus, devemos nos oferecer a Ele sem exigir nada em troca.

Amados, não vamos nos iludir com a fama do evangelho pop star. A mensagem da Epifania do Senhor nos ensina que evangelho é renúncia, é doação, é favor imerecido. Deus deixou toda a sua glória e se manifestou a nós de forma simples e humilde, através de uma manjedoura, para que andássemos pela vida com simplicidade e humildade.

Soli Deo Gloria

Rev. Ezequiel Luz

FELIZ MUNDO NOVO

“De longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo: Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí” (Jr 31.3)

 O fim do mundo no dia 21 de dezembro se daria através de uma onda gigante de até 1,5 km de altura que destruiria todas as cidades litorâneas, matando imediatamente 200 milhões de pessoas e outras centenas de milhões de moradores em regiões continentais, mas ao nível do mar. Ou então, o fim aconteceria com o choque de um asteroide com a terra, provocando terremotos, explosões vulcânicas e tsunamis gigantescos. Outra possibilidade seria a inversão dos polos magnéticos. De um dia para outro, o polo norte trocaria de lugar com o polo sul, alterando o eixo de rotação da terra. Com isso a incidência do Sol no planeta mudaria de uma hora para outra, criando invernos rigorosos em regiões tropicais e verões infernais em terras geladas.

Em função do apocalipse previsto no calendário maia e das informações de profetas e místicos de diversas seitas, muitas pessoas vinham estocando comidas, roupas, kits de sobrevivências, remédios em verdadeiros “bunkers” ou em cidades consideradas resistentes ao fim do mundo. Mas se você está lendo estas palavras e porque o mundo não acabou como previam os místicos. O que vai mesmo acabar é o ano de 2012. Certamente você já esta se preparando para comemorar a entrada de mais um novo ano.

Alegria e tristeza, paz e luta, esperança e desespero se misturam na vida das pessoas nestas comemorações. No entanto um fato a ser considerado e que faz toda a diferença é o amor de Deus. Deus manda o profeta Jeremias dizer ao povo que o havia abandonado, que o seu amor por eles era eterno. Foi o amor de Deus pelo seu povo que mudou o choro em alegria, o desespero em esperança, proporcionando um novo começo e um novo tempo para Israel.

Muitos neste final de ano também perderam a alegria e o prazer de viver, deixando-se consumir pelo choro. Precisamos ser lembrados de que Deus nos ama e o seu amor é eterno. O amor de Deus o levou a enviar Jesus a este mundo. Jesus morreu a nossa morte e ressuscitou para que tivéssemos vida. Esse mesmo amor nos fortalecerá para entrarmos em um novo ano vivendo a esperança de um mundo renovado, justo e solidário. Portanto, feliz mundo novo a todos!

Soli Deo Gloria

Rev. Ezequiel Luz

NÃO SOMOS UM LIVRO VAZIO

“Sejam amáveis com todos. O Senhor virá logo” (Fp 4.5).

Ouvi, certa vez, uma narrativa que me impressionou. Um bibliotecário, funcionário de uma biblioteca pública muito frequentada, se entristecia com os espaços vazios deixados pelos livros retirados das estantes pelos usuários.   Teve então uma ideia. Mandou fazer umas caixas de madeira leve, do tamanho dos livros, e encapou com lidas capas. As caixas ficaram idênticas aos livros. Quando um livro era retirado pelo usuário ele colocava no lugar o livro de madeira e assim a estante continuava arrumada. Passado algum tempo algumas pessoas começaram a reclamar. Elas pegavam um livro e ficavam decepcionadas, pois a obra que tinham nas mãos estava vazia. Para resolver esta situação o bibliotecário colocou nos livros de madeira uma etiqueta com a seguinte informação: “livro vazio”.

A Igreja ao olhar para a criança frágil, pobre que nasceu na manjedoura de Belém, se curva em adoração ao Deus que se fez gente para salvar os pecadores. Esse mesmo Deus escreveu uma mensagem de salvação, de libertação e colocou em nossos corações. Não somos um livro vazio. Mas quantas pessoas já se decepcionaram conosco? Muitos deveriam trazer uma inscrição na testa alertando: “livro vazio”. Pois agarrados ao individualismo desprezam o próximo não sendo amáveis. Buscam ajudar a si mesmo através de realizações pessoais. Tornam-se idolatras, adorando a si mesmo através de suas realizações.

A cada ano os cristãos do mundo se preparam para o Advento. Um período de quatro semanas em que a Igreja se alegrando com nascimento de Cristo, reafirma a esperança na segunda vinda. Mas o Advento quer também ser um tempo de arrependimento, de reconhecimento que precisamos voltar a ser o que fomos chamados para ser: um livro com as boas novas de salvação. Por isso Deus nos deu a Bíblia. A cada leitura, a cada devoção um milagre acontece.  O Senhor escreve em nós a sua palavra, a sua vontade, o seu amor para com o ser humano.

Estamos bem próximos do Natal. Além de manifestar alegria com o nascimento de Jesus e a esperança em sua volta como Rei, devemos, também, se arrepender de atitudes egoístas e individualistas. Devemos orar para que o Espírito Santo nos transforme em pessoas solidárias e com um profundo amor ao próximo. Assim deixaremos de ser um livro vazio, para sermos um livro cheio das boas novas e que anuncia: “O Senhor virá logo”!

Soli Deo Gloria

Rev. Ezequiel Luz

O CAMINHO INACABADO

“O SENHOR Todo-Poderoso diz: Eu enviarei o meu mensageiro para preparar o meu caminho” 

(Ml 3.1)

Não podemos passar pelo Advento sem nos deparar com o profeta João Batista. Ele é um personagem exótico que lembra-nos da mudança radical que devemos experimentar. Ele é a voz que clama, dizendo que no deserto da vida temos que preparar o caminho, abrir estradas retas para o Senhor passar. João Batista é o mensageiro anunciado pelo profeta Malaquias e que veio, como precursor, preparar o caminho para o Messias.

A mensagem de João Batista aponta para um processo de arrependimento e remissão de pecados. O batismo a céu aberto nas águas do Jordão era o sinal externo, visível dessa mudança de vida. Para João, uma nova vida incluía uma nova ética. Os batizados não poderiam cobrar mais do que o estipulado, não deveriam maltratar o próximo e nem dar falso testemunho. Por esta razão ele clama: Façam coisas que mostrem que vocês se arrependeram dos seus pecados (Mt 3.8).

João Batista correu o risco da aventura, ao se desprender de tudo que pudesse significar segurança, conforto, proteção. Sabemos como ele terminou sua caminhada. Foi preso, condenado e decapitado. Admiramos pessoas assim. Mas sendo sinceros admitiremos que não conseguimos seguir o exemplo delas.

Mesmo impossibilitados de seguir na íntegra o exemplo de João Batista, temos, neste segundo domingo de Advento e Dia da Bíblia, a oportunidade de vivenciar um tempo de preparo para receber o Messias. Há, porém uma grande diferença entre o tempo de João e o nosso. O Messias já veio! Podemos conhecer e trilhar o caminho da mudança radical de vida. Portanto é tempo de confessar nossas falhas e pecados. É tempo de testemunhar, na relação fraterna com as pessoas, nosso empenho pela paz, pela reconciliação, pelo perdão. É tempo para demonstrar nossa luta em favor dos menos favorecidos e nosso compromisso com a justiça.

O caminho foi preparado e Jesus entrou na história humana. Mas o caminho está inacabado. Trilhamos por ele testemunhando a nossa esperança de que um dia ele será concretizado. A concretização se dará quando o Reino de Deus for definitivamente implantado. Enquanto esse dia não chega vamos caminhado e suplicando: Amém! Vem Senhor Jesus!

Soli Deo Gloria

Rev. Ezequiel Luz

O ADVENTO – JESUS CHEGANDO

“(...) que seja o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos.” (1Ts 3.13)

Começa um novo ano da Igreja. No calendário cristão hoje é o primeiro domingo do Advento. Oportunidade para renovar a vida. Um tempo abençoado de preparo, meditação, contrição e de anúncio da chegada de Jesus. Coincidentemente, em nossa comunidade é dia da Ceia do Senhor. Sendo assim hoje é também dia de arrependimento, dia de aceitar o convite de Deus para termos comunhão com Ele e com os nossos irmãos.

Aproxima-se o Natal – Deus conosco. Ele não está distante e quer orientar nossa vida. Por esta razão advento é também um tempo de dar graças a Deus, pois não estamos sozinhos. Ele entra na história para nos fortalecer na caminhada de fé, esperança e amor. Em Jesus, Deus é o Senhor da nossa história.

Ao receber Timóteo com as notícias de Tessalônica, Paulo demonstra muita gratidão (1Ts 3.9). A igreja recém-nascida continuava firme no Senhor. Paulo também ora pedindo que eles cresçam em amor uns para com os outros (1TS 3.12). Suplica ainda pra que eles sejam completamente dedicados a Deus e isento de culpa na presença de Deus quando Jesus voltar (1Ts 3.13).

A Igreja vive entre dois adventos. Um é histórico. Marcado por Jesus na manjedoura. O outro é escatológico. Marcando pela promessa do estabelecimento definitivo do Reino de Deus.  Jesus voltará no fim dos tempos para exercer o juízo e a misericórdia. Entre esses dois adventos, somos chamados por Deus para sermos totalmente dedicado a ele. Mesmo vivendo em meio aos meandros e desmandos da sociedade moderna, somos desafiados a permanecer fiéis ao Senhor do Advento, Jesus Cristo.

Portanto alegremo-nos, porque Jesus continua chegando na Palavra, nos sacramentos, nos sinais do Espírito Santo e do Reino de Deus. Advento acontece onde pessoas respondem com fidelidade ao chamado de Jesus, testemunhando e servindo pessoas.

Soli Deo Glória

Rev. Ezequiel Luz